“Porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja,
contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os
homens?” 1Co 3.3
INTRODUÇÃO
Os conflitos familiares são tão antigos quanto a própria raça humana. Eles começaram a partir do Éden, com a Queda, atingindo Adão e Eva e, posteriormente, Caim e Abel. Desde muito cedo, o homem natural é inclinado a pecar, o que pode ser visto já nas crianças de tenra idade, que são inclinadas ao egoísmo. Esse é o grande problema da humanidade. Na narrativa bíblica, os grandes homens de Deus enfrentaram sérios conflitos em suas famílias, como é o caso dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó, Davi... O único remédio para solucionar conflitos é o amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5). A parábola do filho pródigo narra o epicentro dos conflitos familiares. Filho rebelde em atrito com irmão que não perdoa, e o Pai, que representa Deus, em busca da reconciliação familiar. Essa é a história de todos nós!
A família é o campo de treinamento de Deus, por isso, não pode se transformar em um campo de batalha entre irmãos.
Era uma vez um jovem cheio de
esperança, pois tinha uma firme confiança em Deus quanto ao seu futuro. Ele
sempre buscava o Senhor em oração. Era feliz com o que tinha e no lugar em que
vivia. Também não tinha dilemas existenciais, mas era convicto do propósito do
Senhor na sua vida. Ele chamava a atenção por onde passava, porque tinha o
brilho do Senhor. A graça do Altíssimo estava sobre ele. Fazia parte de uma
família tradicional, mas não era orgulhoso. Amava seus irmãos, porém não
compactuava com os pecados deles e, por isso, contava ao pai os desvios de
condutas deles, que, também por isso, o odiavam.
A vida seguia em meio a muitos
conflitos familiares e, ao que parece, o pai não praticava nenhuma ação para
diminuir as tensões fraternais. Antes, pelo contrário, fazia de conta que nada
de errado estava acontecendo nos relacionamentos dos seus filhos. Um dia, para
piorar as coisas, o pai presenteou o jovem com uma linda roupa colorida,
caríssima, bem diferente das peças do vestuário dos demais. Seus irmãos acreditavam
que ele era o “queridinho do papai”, e agora isso estava comprovado “com todas
as cores”.
Quando o virtuoso moço da história
tinha dezessete anos, ao fazer uma viagem, a pedido do pai, para encontrar seus
irmãos e, eventualmente, ajudá-los em alguma necessidade, sofreu a maior
decepção da vida. Eles, ao invés de agradecerem pelo cuidado e esforço
empreendido na viagem, cheios de ira e inveja, entenderam que aquele era o
momento ideal para se livrarem do irmão que se sobressaía, que atraía todas as
atenções, o qual, certamente, ficaria com o direito de primogenitura e, por
conseguinte, com a maior parte da herança paterna, pois era o filho mais velho
da esposa amada do pai! Enquanto armavam o plano maligno, uma caravana de
negociantes passou pelo local, tendo eles vendido o irmão como escravo. Com o
negócio concretizado, os dez irmãos achavam que, com aquela conduta, todos os
seus problemas familiares estariam resolvidos. Entretanto, eles não sabiam que
aquilo seria o grande drama existencial deles até o fim de seus dias (Gn
50.14-17). O engano e a traição jamais porão fim a qualquer dificuldade
familiar. Eles apenas aumentarão a dor e o sofrimento de todos.
O mundo de José, circunscrito ao
conforto do lar, marcado pelo amor dos pais e recheado de sonhos bons,
desmoronou de uma hora para outra. Ele estaria, a partir de então, sozinho e
desprezado no maior país do mundo na época — o Egito.
A insensibilidade dos irmãos de José
impressiona, muitas vezes, os leitores da Bíblia Sagrada. No entanto, a reação
dos irmãos, movidos de inveja, era perfeitamente previsível, mesmo porque eles
nunca aprenderam nada acerca de perdão e tolerância com seus pais! O hostil
ambiente familiar, que contava com filhos de várias esposas (cenário bastante
parecido com muitas famílias atuais) e mães que se digladiavam de maneira
feroz, incentivava naturalmente a rivalidade entre todos, o que, sem dúvida,
não poderia acabar em algo. Isso mostra que até um aparente pequeno conflito
familiar entre irmãos pode se transformar em tragédia. E mais: que cabe a todos
(principalmente aos pais) procurarem, a todo o custo, o mais rápido possível,
juntar os cacos dos relacionamentos familiares fragilizados, independentemente
da gravidade e extensão dos mesmos, antes que seja tarde demais.
No fim da história, aconteceu a
reconciliação familiar, e José, como governador, salvou sua família da fome,
levando-a para o Egito. Vale dizer, porém, que o período de sofrimento
decorrido por causa dos enfrentamentos familiares foi muito longo, e os danos emocionais
provocados foram bastante significativos, a ponto de Jacó, o pai dos moços,
mencionar que os 130 anos de sua vida foram “poucos e maus” (Gn 47.9).
Poderia ter sido diferente, se os
conflitos tivessem sido solucionados a tempo e modo. Ainda que José não tivesse
assumido o posto de rei do Egito, mesmo assim o Todo-Poderoso não deixaria
perecer a família dos descendentes de Abraão e Isaque! O final triunfante de
José apenas comprova o que as Escrituras dizem: “(...) todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados por seu decreto” (Rm 8.28), mas os conflitos familiares foram, sem
dúvida, fontes de grandes dissabores que deveriam ter sido evitados.
Como aconteceu à família de José,
assim acontece com todas as famílias ao redor do mundo. Do coração das pessoas,
brotam os maus pensamentos e eclodem insurreições familiares. Na verdade, as
famílias têm conflitos por serem formadas por seres humanos falhos, decaídos
moralmente diante do Senhor, como será visto adiante.
I. O GRANDE PROBLEMA
1. A maldade humana
O Criador colocou Adão e Eva no
Paraíso para eles viverem uma intensa história de amor. Para tanto, o Senhor
deu a eles o livre-arbítrio, que é o requisito essencial para a existência de
qualquer tipo de amor, bondade, alegria, etc. Eles, entretanto, escolheram o
pecado.
Após os olhos de Adão e Eva se
abrirem, a vergonha afastou-os mutuamente. Ambos eram uma só carne, mas o
pecado os separou emocionalmente. Eles não podiam olhar entre si. Achavam seus
corpos instrumentos do mal. Sentiam-se sujos e, por isso, se envergonhavam.
Antes, seus corpos eram símbolos de uma união verdadeira, como altares para o
Todo-Poderoso. Agora, porém, seus corpos traziam vergonha. Eles, a partir dali,
tinham o que esconder. Não refletiam mais a imagem do Criador. Por tal razão,
quiseram se cobrir. A vida de decepções horizontais entre os semelhantes estava
apenas começando.
O interessante é que, quando Adão
recebeu Eva das mãos do Altíssimo, ele ficou tão feliz que até fez uma poesia.
Cantou uma música romântica (Gn 2.23,24). Entretanto, depois da Queda, a coisa
ficou diferente. Logo no primeiro aperto, quando o Eterno perguntou sobre o
pecado cometido, Adão respondeu: “a mulher que me deste por companheira, ela me
deu da árvore, e comi” (Gn 3.12). Com a resposta, Adão estava traindo a Eva.
Ele estava, a rigor, pedindo a morte para sua esposa. Quanto egoísmo e
indiferença. O amor que sobreviveu depois da Queda foi somente o amor próprio —
o amor de Adão por ele mesmo.
Como visto, a humanidade, mesmo
sabendo quem era o Todo--Poderoso, perdeu-se em seus caminhos, preferindo o
pecado e desprezando o Criador. A maldade se instalou no coração do homem, e o
processo de corrosão moral entrou em funcionamento, culminando na mais terrível
degradação, o que atingiu frontalmente a família. Eis a explicação teológica
para os conflitos familiares. Sem dúvida, a situação espiritual do mundo, o
qual é dominado pelo humanismo, fez a sociedade ser inimiga do Senhor (Tg 4.4).
Assim, num agrupamento humano, seja a
família, a escola ou a igreja, sempre haverá pessoas com maus pensamentos.
Dessa forma, existe no homem natural a tendência ao pecado, que Paulo chama de
inclinação da carne (Rm 8.6) e, por isso, no seio familiar sempre acontecem
conflitos.
2. O início precoce
A maldade do coração humano, que é a
força motriz dos conflitos familiares, tem um início bastante precoce. Já na
denominada primeira infância, os sinais do egoísmo infantil podem ser
claramente identificados. Para comprovar isso, basta colocar uma criança em um
quarto com poucos brinquedos, e ela passará um longo período de tempo se
divertindo. No entanto, se ali forem colocados mais cem brinquedos e, junto a
isso, outra criança entrar no recinto, em pouco tempo as duas estarão brigando
por um mesmo brinquedo.
A Palavra de Deus diz que “a
imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8.21b) e que a
estultícia (insensatez) está ligada ao coração do menino (Pv 22.15). Este
grande problema humano, todavia, tem sido tratado de maneira inadequada pelas
famílias e educadores, notadamente pela adoção da teoria educacional do
construtivismo, que tem uma ideia utópica do homem (pensamento que surgiu com
força a partir do lluminismo), acreditando que o homem é bom desde pequeno e
que, se ele ficar entregue a si mesmo, produzirá excelentes resultados éticos e
morais.
Dessa forma, os pais que têm deixado
as crianças entregues a si mesmas sofrerão sérios problemas (Pv 29.15), porque,
dessa forma, não são estabelecidos limites comportamentais e, no futuro,
surgirão indivíduos profundamente ensimesmados, ou até algo pior. Assim sendo,
os cristãos devem saber que seus filhos são inclinados a praticar o pecado, mas
que é possível corrigir essa tendência. É bom alertar, contudo, que os filhos
podem fazer escolhas pecaminosas em suas vidas e decidirem não obedecer ao
Senhor. A Bíblia, todavia, garante que eles jamais se esquecerão daquilo que
aprenderam no caminho em que seus pais os ensinaram (Pv 22.6).
Assim, mesmo com a indefinição sobre
o futuro, a educação cristã, na família, deve assumir a função da vara da
correção (Pv 22.15), a fim de que a insensatez da criança seja debelada. Apesar
disso, é bom repetir: existe uma parte neste processo que é responsabilidade
pessoal do filho, da mesma forma que o barro precisa deixar ser moldado para
que um vaso seja construído pelo oleiro.
Sabendo disto, os pais que tenham
cumprido seu papel como bons educadores cristãos não devem ser
responsabilizados por eventuais desvios de comportamentos e conflitos de seus
filhos (Dt 24.16; Ez 18.20). Isto se chama livre-arbítrio!
3. A insaciabilidade
Outra característica presente em cada
ser humano que vem ao mundo é a insaciabilidade. Está escrito que o homem
natural nunca satisfaz a sua cobiça (Ec 6.7), e isso pode ser visto,
igualmente, no seio familiar. Há sempre o desejo por trás, porém cabe à educação
familiar frear esse anelo, que é a fonte de muitos conflitos.
Esse campo de treinamento do Senhor —
a família — deve reprimir essa ânsia pelo possuir indefinidamente e impregnar o
desejo pelo repartir, de estar satisfeito com o que se tem, mas isso não é
fácil. A cosmovisão judaico-cristã é a única que detém condições de incutir no
homem valores morais indispensáveis, como o altruísmo, a solidariedade, a
bondade, a humildade, que combaterão essa terrível inclinação carnal (1 Co
3.3), transformando-o num verdadeiro cidadão do céu.
O homem, enquanto estiver nesta casa terrestre, estará sujeito a inúmeras fraquezas, que geram conflitos; mas um dia, na eternidade a paz será perfeita.
1. Ingratidão e desprezo
Os casos de conflitos familiares ao
longo da Bíblia são abundantes, e os motivos que emergem são os mais variados
possíveis. Essa maldade inata não corrigida e a insaciabilidade sempre estão
presentes na base de todos esses enfrentamentos, corroborados, além disso, por
outros sentimentos não nobres, como se verá a seguir.
A família de Abraão sofreu com vários
conflitos desde a sua constituição. O primeiro narrado pela Bíblia aconteceu
por causa de desentendimentos entre os pastores de Abraão e os pastores de Ló,
o que causou a separação dos patriarcas. Depois, o conflito apareceu entre uma
escrava que se agregara à família quando visitou o Egito, em desobediência a
Deus e sua esposa.
O fato aconteceu depois que a
egípcia, com a permissão de Sara, engravidou de Abraão. Está escrito: “(...) e,
vendo ela [Agar] que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos” (Gn
16.4). Que coisa absurda! Agar era escrava de Sara, tinha alcançado uma posição
de destaque por causa de sua senhora, e agora simplesmente não queria mais
honrá-la. A narrativa é sintética, entretanto é possível imaginar o que
aconteceu naquele clã familiar. Uma escrava que, agora, acreditava ser
detentora dos direitos de sua senhora, pois o filho dela seria o herdeiro de
tudo. Não sabia ela que o Todo-Poderoso tinha surpresas agradáveis para Sara no
futuro. A serva egípcia não conhecia a grandeza daquela mulher, sua senhora, a
qual sofria a humilhação.
Agar foi expulsa e, no deserto,
grávida, um anjo determinou que ela voltasse e se humilhasse debaixo da mão de
sua senhora. Ela atendeu e, pela virtude do coração da esposa de Abraão, foi
readmitida no clã familiar (Gn 16.7-9).
Com Jacó, neto de Abraão, deu-se
outro caso notável de repulsa. O filho de Isaque desprezou sua esposa Leia, por
causa de uma trapaça do sogro. Foi um grande desrespeito com um ser humano
frágil, que lhe devotava tanto amor. Isso durou muitos anos. É verdade que,
moralmente, Jacó tinha o direito de ficar indignado com Labão, mas não poderia
desprezar sua esposa Leia, que era tão vítima quanto ele. O resultado desse
processo de humilhação foi que o Senhor curou a infertilidade de Léia, enquanto
Raquel, sua irmã e concorrente, permaneceu estéril durante muitos anos (Gn
29.31). Deus, por amor, mostrou à família patriarcal que injustiça e desprezo
jamais podem ser a base dos relacionamentos familiares, principalmente daqueles
que servem ao Senhor.
Nunca o Senhor compactuou com a
ingratidão e o desprezo, dentro ou fora da família. Por isso, jamais se viu
alguém se dar bem na vida por subestimar as pessoas, mas sempre há registros de
indivíduos que foram vitoriosos por superestimarem os outros. Afinal, o
Todo-Poderoso abate os orgulhosos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6).
2. Soberba e ciúme
Um caso emblemático de soberba e
ciúme na família aconteceu com Moisés (Nm 12.1-15). Moisés era o homem mais
manso da terra, mas seus irmãos, Miriã e Arão, não eram tão mansos assim, em
desobediência a Deus (Mt 11.29,30). E, por isso, se rebelaram contra o irmão
Moisés. Diz a Bíblia: “E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da
mulher cuxita, que tomara; porquanto tinha tomado a mulher cuxita. E disseram:
Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o
Senhor o ouviu” (Nm 12.1,2). O sucesso nem sempre é bem digerido, em todo o
tempo, pelos membros da família. Moisés era um homem bem-sucedido e tinha uma
família bem unida. Sua irmã Miriã salvou sua vida quando ele era bebê. Seu irmão
Arão era o seu porta-voz. Tudo estava bem, até que a soberba e o ciúme entraram
no seio familiar.
A consequência foi que o
Todo-Poderoso sequer analisou o mérito da acusação infundada, mas castigou a
Miriã, a qual ficou leprosa. Logo após, "Arão disse a Moisés: Ah! Senhor
meu! Ora, não ponhas sobre nós este pecado, que fizemos loucamente e com que
havemos pecado!” (Nm 12.11). Arão foi perdoado sem nenhum dano físico, mas
somente moral. Infelizmente, muitas famílias são destruídas por permitirem que
tais sentimentos prevaleçam. O amor não se ensoberbece (1 Co 13.4).
3. O remédio sublime
Familiares são presentes de Deus. São
indivíduos que foram feitos para sofrerem, amarem e viverem juntos. Foi o
Eterno quem criou o sentimento de amor na família, de consideração não fingida.
O Senhor Jesus amou sua família, apesar das incompreensões dos seus irmãos,
como cada um deve amar também a sua. Ele tinha tempo para eles, embora, às
vezes, a conversa não fosse agradável. Isso não importava, pois era sua
família.
Há pessoas, porém, que dizem que os
relacionamentos humanos, inclusive na família, são calcados, sempre, em
interesses mesquinhos, como se fosse uma troca, porém nunca em amor sincero
(quem nunca ouviu falar na teoria do "gene egoísta”, de Richard Dawkins?)
Quando alguém envereda por esse pensamento satânico "do comércio",
nunca terá uma família feliz e acabará enxergando maldade em tudo e em todos.
Com olhos sujos, a visão sempre será embaçada. O Amor, porém, “tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha” (1Co 13.7,8). Ele é o
remédio para todos os dramas familiares e foi administrado pelo Espírito Santo
nos casos de José e seus irmãos, Moisés e seus irmãos, Jesus e seus irmãos,
etc. Se for pago mal com mal, o mal sempre prevalecerá e não haverá vencedores.
Se for pago, na família, olho por olho, é possível que, em breve, acabem-se os
olhos de todos.
A lei de talião não leva em consideração aspectos espirituais, mas somente humanos. A lei de Cristo é: perdoe, que todos vencerão, e a justiça de Deus se estabelecerá.
sugestão leitura: Deus dá Sua lei ao povo de Israel
III. A HISTÓRIA DE TODOS NÓS
A sensação de estar perdido é uma das
mais angustiantes. As coisas ao redor não têm sentido. Tudo é igual. Tristeza
pelo erro do caminho. Ansiedade pela incerteza do futuro. Estar perdido é para
quem não tem familiaridade com o lugar em que se encontra. O que dizer, porém,
de dois filhos que se perderam dentro da sua própria casa? Essa foi uma
história magnífica contada por Jesus (Lc 15.11-32) e que tem tudo a ver com os
conflitos familiares.
Era uma vez um pai que tinha dois
filhos. Esses filhos representam todos os membros das famílias. Um decidiu ir
embora para uma terra longínqua, levando consigo sua herança. Isso mostra que
ele já estava perdido na sua casa. Sua saída fez somente aprofundar o
desnorteamento e a distância. Ele já havia perdido os referenciais, os
princípios, a intimidade com o pai.
O outro filho, que permaneceu em
casa, igualmente estava perdido na mesma intensidade do caçula. Acontece que o
mais novo reconheceu seu pecado e retornou para casa arrependido. O filho mais
velho, porém, “reconheceu” o erro do seu genitor e não quis retornar dos campos
para casa. Ele sabia o caminho para a sala do banquete, mas não quis voltar.
Está escrito: “Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai,
instava com ele” (Lc 15.28).
O primogênito ouviu os sons da
celebração ruidosa e alegre que seu pai patrocinou, pelo retorno de seu irmão
caçula, mas isso o indignou. Ele não entrou na casa, apesar de no Oriente haver
o costume de que, em caso de festa, o primogênito deveria ficar descalço, à
porta, cumprimentando os convidados. Neste caso, o mínimo que se esperava dele
era que honrasse o pai, pelo menos saudando as pessoas, e somente depois
reclamasse. Mas ele preferiu humilhar seu pai publicamente, discutindo na
presença dos convidados. Um insulto, principalmente num banquete. Esse filho
estava profundamente perdido.
Entretanto, o pai se humilhou
publicamente, saindo de casa e instando com o filho mais velho para que
participasse da celebração — um gesto de amor inesperado. Aquele pai falou
ternamente ao filho rebelde sobre a importância de eles sempre estarem juntos e
também falou da comunhão patrimonial entre ambos, mas o primogênito desprezou o
arrazoado paterno.
Ele queria dinheiro, destaque, e isso
tudo bem distante das pessoas de casa. O filho mais velho, na verdade, odiava o
pai que, por sua vez, sem levar em consideração a amargura do coração, a
arrogância das palavras, o insulto dos gestos, a distorção dos fatos e as
acusações injustas de seu filho mais velho, queria tocar seu coração. Aquele
pai não condenou, nem criticou, muito menos rejeitou, da mesma forma como fez
com o filho caçula. Houve, com isso, um novo derramamento de amor.
Em flagrante contraste, o pai o
chamou de "filho”, um título afetivo. “Não há dor maior do que perder um
filho”, pensava o pai, que insistiu: “Filho, entre na festa. Precisamos de você
ao nosso lado”.
A reação do pai para com cada um de
seus filhos foi essencialmente idêntica, já as condutas dos filhos foram bem
diferentes. O caçula teve tudo de volta, mas nada se sabe acerca do
primogênito. Uma coisa é certa: se ele não se encontrou com a Vida naquele dia,
o pai sempre o estará esperando... de braços abertos.
1. O filho egoísta
O filho mais jovem era egoísta, pois
pensava apenas em si e estava enjoado da vida em família. Ele não precisava de
mais ninguém para viver e, por isso, viajou para longe do aconchego do lar e
desperdiçou toda sua herança. Quando, por fim, chegou ao fundo do poço, ele, em
desespero, se lembrou da casa do seu pai. Essa é a história de muitos filhos
que, mesmo sem partirem geograficamente, abandonaram o ideário familiar,
buscando construir sua história, relativizando os valores morais com
independência emocional e sem compartilhamento de vida. O fim sempre será a
solidão, pois não há melhor lugar para estar do que na companhia daqueles que o
Eterno estabeleceu como família. Ainda dá tempo para voltar!
2. O irmão que não perdoa
O outro filho, o orgulhoso, não
perdoava ninguém. Ele era aparentemente envolvido com a família, mas seu
coração estava muito longe. E o pior: ele, que tanto errava, não admitia o erro
de ninguém. Insensível, ele cumpria os rituais familiares, mas era tão ou mais
egoísta que seu irmão. Este filho (mais experiente), que sempre está em
conflito consigo e com os outros, também precisa cair em si, reconhecer seu
erro e voltar à boa convivência da vida familiar.
3. O pai que reconcilia
Por fim, a parábola do filho pródigo
traz a figura do reconciliador — o pai, que simboliza Deus, o qual sempre busca
a união para a família, “porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para
sempre” (SI 133.3).
O Senhor busca as famílias que estão
perdidas em seus conflitos, que transformaram o campo de treinamento do Reino
num verdadeiro campo de batalha terrenal. Ciúme, brigas, agressões,
infidelidades e uma grande quantidade de males se multiplicam
inexplicavelmente. Falta paciência, falta perdão, falta amor. Este não foi o
propósito do Criador — o Pai. Ele quer que as famílias vivam unidas, refletindo
a glória do seu Reino.
CONCLUSÃO
Não adiantam medidas psicológicas paliativas
para resolver os conflitos familiares. Deus deve ser convidado para fazer parte
do ambiente familiar, para que a história mude e o mal ceda. A família, o
laboratório que Deus usa para forjar homens de fé, não pode ser objeto de
manipulação maligna, onde os membros são concorrentes, oponentes, inimigos. Ela
é o farol que traz luz para as nações, por amor a Jesus Cristo.
Fonte:
Lições
Bíblicas CPAD - 2ºtrim.2016 Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus
para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Livro
de Apoio - Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do
Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Volume 5, RJ: CPAD,
2010
RENOVATO,
Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2013
STEPHENS,
Steve. Projetos Para um Casamento Sólido. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011
Bíblia
de Estudo Pentecostal
Bíblia
Defesa da Fé
gostei muito desse estudo falando sobre familia, verdadeiramente eu lendo pude sentir a presença de Deus. Que Deus continue lhe espirando cada dia mais.
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