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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Deveres Civis, Morais e Espirituais

Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” Rm 13.1


A história da humanidade pode ser contada a partir das sucessivas tentativas de derrubadas e soerguimentos de governos humanos. Ora, o Antigo Testamento mostra com clareza as derrubadas de impérios e reinos, e o levantamento de outros reinos no lugar daqueles abatidos. A história da humanidade também é uma história da busca e de conquista do poder.
Na época do apóstolo Paulo, o sistema de governo vigente no mundo era a Monarquia Absolutista. O poder era centralizado na pessoa do imperador de Roma. Quando o apóstolo se refere sobre a devida obediência às “Autoridades superiores”, ele se referia a autoridade civil exercida pelo governo de Roma, bem como a referência direta aos administradores do governo romano.

Um ponto que é claro na epístola, e no capítulo 13, é que as obrigações que incidem em nossa sujeição às autoridades civis, mediante ao ensino apostólico, significam fazer a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Neste sentido, devemos obediência ao governo civil porque, em primeiro lugar, toda autoridade provém da parte de Deus. Neste caso, o governo e os magistrados são responsáveis para punir o malfeitor e assegurar o bem estar das pessoas de bem (Rm 13.2-5). Outro ponto: a obediência à autoridade não pode ser apenas pelo medo de ser punido, mas pela consciência de que é uma instituição divina (13.5). Entretanto, quando lemos a carta de Paulo aos Romanos, mais especificamente o trecho sobre as autoridades civis, nós devemos levar em conta algumas questões importantes:
1. O sistema de governo de Roma na época de Paulo não é o mesmo do atual.

2. Diferentemente da Monarquia Absolutista, hoje a maioria das nações tem o sistema de governo sob a perspectiva de leis, segundo o advento das Constituições.

3. No regime das Constituições, o chefe do Estado, apesar de ser uma autoridade com poderes previstos na Constituição, não é um déspota, mas o servidor da nação com limites muito claros e delimitados segundo o sistema constitucional.

4. Se a autoridade for responsável por crime de responsabilidade ou atentar contra a probidade administrativa, a Constituição prevê caminhos para a destituição dessa autoridade.

Portanto, hoje o que caracteriza a desobediência civil é o descumprimento da Constituição e do sistema de Leis vigente em nossa nação. (Revista Ensinador Cristão nº66_pag.41)

INTRODUÇÃO
Dando prosseguimento ao estudo da Epístola aos Romanos, estudaremos o capítulo 13. Neste capítulo Paulo mostra que a nossa vida de fé em Jesus Cristo precisa ser revelada em nossos relacionamentos interpessoais e com as autoridades constituídas. O crente deve respeitar e se submeter às autoridades legitimamente constituídas. Porém, isso não significa que ele deva concordar com o pecado daqueles que estão em uma posição de liderança, como por exemplo, a corrupção, o roubo e leis que são contrárias a Palavra de Deus, como por exemplo, a legalização do aborto. Somos cidadãos dos céus, mas enquanto vivermos neste mundo, precisamos pagar nossos impostos e seguir as leis estabelecidas (13.1-5). Nosso respeito e submissão as autoridades revelam o quanto amamos e respeitamos o Todo-Poderoso e as suas Leis.

Na lição de hoje estudaremos o capítulo 13 da Epístola aos Romanos. Paulo trata neste capítulo a respeito da relação dos crentes com as autoridades.


Diante da sociedade, o crente tem deveres civis, morais e espirituais.

Romanos 13.1-7
Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.

Deveres Civis — Cidadão do Céu e da Terra Também!
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores” (13.1). Alguns comentaristas veem o texto de Romanos 13.1-7 como um grande hiato entre os capítulos 12 e 14. Alguns até mesmo chegam a afirmar que o assunto aqui destoa de tudo aquilo que Paulo havia escrito até esse ponto. Mas uma análise cuidadosa do texto nos revelará que Paulo tem um objetivo definido quando aborda o tema do cristão como um cidadão pertencente à sociedade civil. Convém lembrar que a igreja de Roma era formada tanto por gentios como por judeus. Esses últimos, devido à interpretação literalista de determinados textos bíblicos, em muitos casos se recusavam a se subordinar à autoridade civil. Foi isso que forçou a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2). Na teologia paulina, os cristãos, tanto gentios como judeus convertidos, deveriam ser ordeiros, submetendo-se à lei estatal.

O expositor bíblico William Hendriksen alista outras razões que justificam a exposição de Paulo em Romanos 13.
1. Os cristãos deveriam se relacionar bem com Deus (Rm 12.1,2); os cristãos deveriam se relacionar bem entre si (Rm 12.3,4); os cristãos deveriam se relacionar bem com os de fora (Rm 12.14-21); os cristãos deveriam se relacionar bem com as autoridades civis (Rm 13.1-7).

2. Paulo queria evitar que o império visse o cristianismo como inerentemente antagônico ao governo.

3. Paulo queria lembrar aos cristãos romanos que o próprio Cristo ensinou esses princípios.

Romanos 13 fornece diretrizes apostólicas sobre a necessidade de o cristão saber se comportar em uma sociedade civil organizada. Quando Paulo escreveu a carta à igreja de Roma, o Império Romano dominava boa parte do mundo de então. Era uma sociedade organizada com um governo civil centralizado na pessoa do imperador. Havia leis, regras e normas a serem observadas por todos os cidadãos. Havia, portanto, o que hoje comumente se denomina Estado de Direito. Os cristãos, mesmo como cidadão dos céus, não estavam fora do alcance desse poder civil.

Entre os séculos XVI e XVII, o debate em torno da origem e natureza do estado dominou o continente europeu. É nesse contexto que surge a teoria de um contrato social. Os filósofos que se debruçaram a explicar os princípios que regiam esse contrato social foram denominados de contratualistas. Eles advogavam a necessidade de um “contrato social” que regulasse as relações entre os homens. Para esses pensadores, o que gerou a necessidade desse “contrato social” — portanto, a criação do Estado de Direito — foi a necessidade de sair do “estado de natureza” para se organizarem em sociedade. No estado de natureza, observam os contratualistas, prevalecia o interesse privado de cada um, o que ocasionava a disputa, a violência e o medo. Nesse estado de coisas faz-se necessário a criação de um contrato que regule as relações interpessoais. Os principais filósofos representantes desse contrato social foram John Locke, Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau. Mesmo divergindo quanto à forma e natureza desse Estado, esses pensadores possuíam ideias semelhantes quanto à sua necessidade.

Na verdade, os filósofos contratualistas procuraram fornecer diretrizes mais especificas sobre a atuação dessas duas instituições, a igreja e o estado. Ao assim proceder, eles queriam delimitar a esfera de atuação de cada uma delas. Qual era a competência da igreja e qual era o papel do Estado? Grosso modo, a visão que prevalecia era que o Estado devia cuidar do lado secular da sociedade e a igreja do seu lado espiritual. Deve ser levado em conta nesse contexto que a Europa vivia um conflito enorme entre o poder do Papa e o poder dos reis. Em muitos países, principalmente antes da Reforma Protestante do século XVI, prevalecia a autoridade papal sobre a autoridade estatal. Os papas mandavam nos reis. No ano de 494 d.C., o bispo Gelásio I criou a doutrina das duas espadas. Esse documento afirmava: “Há dois poderes principais mediante os quais este mundo é governado: a autoridade sagrada dos papas e o poder real. Destes dois, o poder sacerdotal é muito mais importante, porque tem de prestar contas no tribunal divino, até mesmo pelos reis dos homens. [...] Sabeis que deveis, nas questões concernentes ao recebimento e à administração referente dos sacramentos, ser obedientes à autoridade eclesiástica, ao invés de controlá-la”.

Durante toda a Idade Média (500-1500 d.C.), prevaleceu o conceito das duas esferas — o Estado como uma instituição temporal e, por outro lado, a igreja como uma instituição espiritual. Com o advento da Reforma luterana em 1517, essa cosmovisão sofrerá uma ruptura, e as esferas temporal e espiritual ficaram cada vez mais definidas. Todavia, o reformador alemão não foi tão radical na sua proposta, pois acreditava que havia algumas competências eclesiásticas, que poderiam perfeitamente ser administradas pelo Estado. Esse modo de interpretar as esferas de atuação dessas duas instituições será duramente combatida pelos anabatistas, um grupo da ala radical da Reforma. Para eles a Igreja e o Estado deveriam ser completamente separados.

Nos Estados Unidos da América, a partir dos séculos XVII e XVIII, graças à influência protestante, as esferas de atuação da Igreja e do Estado foram bem definidas. E isso ficou bem delineado na conhecida primeira emenda constitucional: “O Congresso não promulgará nenhuma leia a respeito da oficialização de alguma religião, nem da proibição de seu livre exercício”. Essa sem dúvida foi uma grande conquista para os idealistas cristãos e para as minorias religiosas. Todavia, com o aumento do pluralismo cultural e religioso, a letra dessa lei tem sido desafiada.

Os legisladores americanos têm invocado a redação da primeira emenda para legalizar, por exemplo, a união entre pessoas do mesmo sexo. Alguns estados americanos com população majoritariamente cristã e que possuíam leis especificas contra a união homossexual, tiveram suas leis revogadas por decisão da Suprema Corte. Os juízes entenderam que essa restrição dos direitos civis era uma interferência da religião sobre o Estado. O efeito colateral dessa decisão da Suprema Corte foi a volta de um debate acalorado novamente sobre as esferas de atuação dessas duas instituições. Até que ponto o Estado democrático pode interferir sobre os interesses, crenças e desejos de uma população majoritariamente cristã?

Esse conflito não ficou restringido à outra América; recentemente chegou também ao Brasil. Todos têm conhecimento, pois foi divulgada com enorme destaque pela mídia, a decisão do Supremo Tribunal Federal no sentido de obrigar os cartórios a casarem homossexuais. O Supremo legislou, que não é competência sua, por conta do vazio na legislação brasileira sobre esse assunto. Em um país majoritariamente “cristão” como o Brasil, essa decisão da Suprema Corte brasileira teve enorme eco social. Aqui, como nos Estados Unidos, o questionamento da interferência do Estado sobre questões morais e religiosas se tornou o foco principal dos debates. A bancada evangélica no Congresso, juntamente com a bancada católica, tem procurado mecanismos que façam prevalecer os ideais cristãos esposados na Bíblia. Nesses últimos anos a luta tem se acirrado.

Pois bem, que princípios podem ser adotados em relação ao dualismo igreja-estado, a fim de que se estabeleça uma cosmovisão cristã? Acredito que as ideias do teólogo Wayne Grudem ajudem nesse assunto. Primeiramente, Grudem fala do que denomina Cinco Visões Equivocadas a Respeito de Cristianismo e Governo. Vou apenas sintetizar as ideias de Grudem.
1. O governo deve impor a religião.
a. Jesus fez distinção entre o Reino de Deus e o de César (Mt 22.20,21).
b. Jesus não tentou obrigar as pessoas a crer nEle (Lc 9.52-54).
c. Não há como impor a fé autêntica (Mt 11.28-30; At 28.23; Rm 10.9,10; Ap 22.17).

2. O governo deve excluir a religião.
a. O equívoco está em fazer distinção entre uma lei e o conteúdo da lei.
b. O equívoco está em não levar em conta a vontade do povo.
c. O equívoco está em transformar liberdade religiosa em ausência de religião.
d. O equívoco se dá em restringir indevidamente a liberdade religiosa e a liberdade de expressão.
e. O equívoco está no afastamento do governo dos ensinamentos de Deus sobre o bem e o mal.

3. Todos os governos são perversos e demoníacos.
a. É fundamentada numa visão equivocada de Lucas 4.6.
b. Esse entendimento acaba por criar uma equivalência moral entre bons e maus governos.
c. Rejeita o poder imposto como algo mundano.

4. A igreja deve se dedicar ao evangelho, e não a política.
a. Fundamenta-se numa visão muito limitada do que seja “evangelho” e Reino de Deus.
b. Não leva em conta que o “evangelho todo” inclui uma transformação da sociedade.
c. Não leva em conta que tanto a igreja como o governo foram instituídos por Deus para refrear o mal (Rm 13.1-7).
d. Não leva em conta a influência positiva sobre governos exercida por cristãos ao longo da história.

5. A igreja deve se dedicar à política, e não ao evangelismo.
a. Busca apenas a mudança cultural negligenciando a espiritual.
b. Cria apenas um evangelho social, preocupado com a fome, pobreza, discriminação e outros males sociais.
c. Não leva em conta que mudanças autênticas e duradouras só ocorrerão:

• Se o coração das pessoas mudar, para que procurem fazer o bem e não o mal. Isso se dá por meio do evangelismo pessoal e do poder do evangelho de Jesus Cristo.

• Se a mente das pessoas mudar, para que suas convicções morais se alinhem de modo mais próximo aos padrões morais de Deus descritos na Bíblia. Isso se dá por meio da conversa e ensino pessoal e do diálogo e debate públicos.

• Se as leias mudarem, para que incentivem de modo mais pleno a boa conduta e castiguem a conduta errada. Isso se dá por meio do envolvimento político dos cristãos.

Voltemos ao texto.
“... porque não há autoridade que não venha de Deus" (13.1). Nos dias de Paulo, o estado de direito já existia — era o gigantesco Império Romano. O teísmo de Paulo o leva a crer que o estado quanto à sua natureza é de origem divina. Isso quer dizer que o apóstolo cria que o princípio de poder exercido pelos governantes tem sua origem em Deus. “Toda autoridade é constituída por Deus” (Rm 13.1). Evidentemente que Paulo aqui não se refere às formas de governos que se revezam ao longo dos séculos, mas ao princípio de autoridade por trás desses governos. Não há base no texto para alegar que Paulo está legitimando os governos autoritários e despóticos. Todavia, está mostrando que Deus, na sua soberania, exerce o seu poder por intermédio dos governantes terrenos.

A declaração do apóstolo que “não há autoridade que não venha de Deus” (13.1) tem validação universal. Todos os governos do mundo estão debaixo da sua autoridade e domínio. A própria história bíblica mostra que Deus usou governantes pagãos para executar os seus propósitos, como por exemplo, os monarcas dos impérios medo-persa e babilônico. Ao rei da Pérsia, Ciro, o Senhor o chamou de “meu ungido”: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face; eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão” (Is 45.1). A Nabucodonosor, imperador babilônico, Deus o chamou de meu servo: “Eu fiz a terra, o homem e os animais que estão sobre a face da terra, pelo meu grande poder e com o meu braço estendido, e os dou a quem me agrada. E, agora, eu entreguei todas estas terras nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo, e até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam” (Jr 27.5,6).

Essas Escrituras mostram a soberania divina e como Ele está no controle de todas as coisas, contrariamente ao que ensina o novo modismo teológico denominado de *“Teísmo Aberto”.

*Teísmo Aberto: Bruce A. Ware explica que Teísmo Aberto “é assim denominado pelo fato de seus adeptos verem grande parte do futuro como algo que está em “aberto”, e não fechado, mesmo para Deus. Boa parte do futuro está ainda indefinida e, consequentemente, Deus o desconhece. Deus conhece tudo o que pode ser conhecido, asseguram-nos os teístas abertos. Mas livres escolhas e ações futuras, por não terem ocorrido ainda, não existem e, desse modo, Deus (até mesmo Deus) não pode conhecê-las. Deus não conhece o que não existe – afirmam eles – e, uma vez que o futuro não existe, Deus não pode conhece-lo agora. Mais especificamente, Ele não pode conhecer, de antemão, uma grande parte do futuro que virá à tona à medida que criaturas livres decidirem e fizerem tudo segundo lhes aprouver. Em conformidade com isso, momento após momento Deus aprende o que fazemos, e seus planos devem constantemente se ajustar ao que acontece de fato, na medida em que isso for diferente do que Ele previu” (Ware, Bruce A. Teísmo Aberto – A Teologia de um Deus Limitado. São Paulo; Editora Vida Nova, 2010, p.14,15). Nessa perspectiva, Deus é limitado e não está no controle de tudo.

"... e as autoridades que há foram ordenadas por Deus" (13.1). Em seu recente livro Política segundo a Bíblia — Princípios que todo Cristão Deve Conhecer, o escritor Wayne Grudem mostra vários princípios sobre o governo civil revelados por Paulo em Romanos 13.1-7. Grudem destaca que:
1. As autoridades que exercem poder governamental foram ordenadas por Deus (w. 1,2). Essa ideia é confirmada pela declaração de Jesus a Pilatos: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada” (Jo 19.11, ARA).

2. Os governos civis são “motivo de temor [...] para os que fazem o mal” (v.3), o que significa que refreiam o mal por meio de ameaças de castigo nos casos de má conduta. Esse conceito se harmoniza com o que é ensinado em Gênesis 9.5,6.

3. As autoridades dão sua aprovação ou “louvor” àqueles que fazem o bem (v.3). Além disso, a autoridade civil “é serva de Deus para o teu bem”. Esse versículo indica que o governo tem o papel de promover o bem geral da sociedade. Deve não apenas castigar a má conduta, que contribui para o bem da sociedade.

4. Os funcionários do governo servem a Deus. Paulo diz que os governantes são servos de Deus “para o teu bem” (v. 4; cf. v. 6).

5. Os funcionários do governo fazem o “bem” quando realizam seu trabalho. Paulo diz que a autoridade governamental “é serva de Deus para o teu bem” (v.4). Portanto, em geral, devemos considerar as atividades do governo ao recompensar o bem e castigar o mal como algo “bom”, conforme a Palavra de Deus. Temos aqui mais um motivo para ser gratos a Deus pelo governo civil.

6. Isso não significa, porém, que devemos considerar bom tudo o que um governante faz! João Batista repreendeu Herodes “por todos os males que fizera” (Lc 3.19). Daniel disse a Nabucodonosor: “abandona os teus pecados, praticando a justiça” (Dn 4.27). O Antigo Testamento traz diversos relatos de reis que fizeram “o que era mal perante o Senhor” (1 Rs 11.6, etc.). Portanto, é apropriado dizer que os governantes fazem o “bem” quando cumprem suas responsabilidades com justiça e imparcialidade, segundo os princípios de Deus para o governo.

7. As autoridades governamentais executam a ira de Deus sobre os malfeitores e, desse modo, aplicam a punição, como fica evidente na declaração de Paulo de que “não é sem razão que [a autoridade] traz a espada”.

Romanos 13.8-10
A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor. E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.


Deveres Sociais, Morais e Espirituais — Mandamentos Verticalizados e  Mandamentos Horizontalizados

“A. ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (13.8).
Tendo tratado dos deveres de natureza civil, o apóstolo passa agora a tratar dos deveres de ordem social. Em um primeiro plano, Paulo mostra que o cristão deve ser um exemplo em honrar qualquer compromisso assumido. Lembro-me de que há mais de trinta anos eu viajava em um ônibus intermunicipal. Na metade do percurso, observei que bem perto de mim o cobrador daquele ônibus discutia com um passageiro. Aquele passageiro se recusava pagar a passagem porque dizia ser um servo de Deus. O cobrador, um velho conhecido meu, dirigiu-se a mim e perguntou-me se era correto um “crente’ viajar sem pagar a sua passagem. Imediatamente veio-me à mente este versículo de Romanos 13.8: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor”. Aquele irmão ficou extremamente chateado com o que eu acabara de falar. Posteriormente, encontrei aquele cobrador outra vez e ele me disse que já era uma prática daquele cidadão andar nos ônibus e não querer pagar alegando ser um servo de Deus.

Pois bem, a lei máxima que deve regular os relacionamentos horizontalizados, isto é, entre pessoas, é a lei do amor. Não se trata de um poder coercitivo externo, mas a lei que brota do coração regenerado por Deus. É evidente que Paulo não tinha em mente limitar o crédito do cristão perante credores, mas mostrar-lhes que a dívida que todos deveriam ter sempre era a de amar uns aos outros. Alguns intérpretes destacam o fato de que Paulo cita aqui a segunda tábua da lei, que continha os preceitos reguladores dos relacionamentos humanos. Todos esses preceitos serão observados na íntegra se a lei do amor for posta em prática.


SUBSÍDIO
1. A dívida que todos devem ter. O apóstolo reconhece os deveres do cristão em relação ao Estado, e aconselhou a não ficarem em débito com ninguém: "A ninguém devais coisa alguma [...]" (Rm 13.8). Em palavras atuais, significa que o crente deve ter o "nome limpo na praça". Por outro lado, Paulo reconhece outra natureza de dívida, esta não negativa, mas positiva para o crente. A dívida do amor. Não podemos dever nada a ninguém, exceto "o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13.8). Orígenes, um dos pais da igreja antiga, dizia que "a dívida de amar é permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente, e sem dúvida, continuaremos devendo". Amar o semelhante é uma obrigação moral que temos para com a raça humana.
2. A segunda tábua da lei. Paulo havia falado muito sobre a Lei nos capítulos anteriores, e aqui novamente ele volta a citá-la: [...] "quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13.8). A lei dada a Moisés no Sinai foi escrita em duas tábuas (Êx 34.1). Os quatro primeiros mandamentos enfatizam o relacionamento vertical, isto é, entre Deus e os homens: Não ter deuses estranhos; não fazer imagens; não profanar o nome de Deus e guardar o sábado. Por outro lado, os outros seis mandamentos são horizontais, isto é, enfocam o relacionamento entre as pessoas: Honrar os pais; não matar; não adulterar; não furtar; não dar falso testemunho e não cobiçar. O interesse do apóstolo pelas relações interpessoais fica claro quando ele cita, em Romanos 13, esses mandamentos: "Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás [...]" (Rm 13.9).
3. O segundo grande mandamento. Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo que "o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10). O mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9).

“E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé” (13.11). Os versículos 11 ao 14 fazem um apelo à santidade cristã. Paulo havia falado sobre os deveres do crente em relação ao estado. Esse cristão não devia esquecer que possuía direitos e deveres em relação à sociedade civil. Agora deveria lembrar-se também de que outro aspecto de sua cidadania era a celestial. O cristão, acima de tudo, é um cidadão dos céus e como tal deve andar de acordo com os padrões desse Reino.


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Deveres Morais (13.11-14)
Neste texto, encontramos um imperativo moral para um viver cristão autêntico. É um apelo à vigilância cristã e à conscientização da urgência do tempo.
13.11. 'E isto digo, conhecendo o tempo'. Que há dentro desse tempo? São os sinais predeterminados da vinda de Cristo. Por isso, a continuação do versículo 11 é uma exortação ao despertamento espiritual contra toda a indiferença e frieza. Estar despertado implica em estar de prontidão espiritual.
13.12. 'As obras das trevas' se contrapõem às obras da luz, pois são originadas pelo príncipe  das trevas, e suas obras são más e traiçoeiras. Entretanto, o Senhor nos oferece as 'armas da luz' que são a graça, a bondade e a verdade do reino de Cristo.
13.13,14. 'Andemos honestamente' (v. 13). Diz respeito ao comportamento moral do crente, 'não em glutonaria, nem em bebedeiras, nem em desonestidade, nem em dissoluções, nem em contendas e invejas'. Ora, o padrão neotestamentário rejeita as obras da carne. Deus abomina a licenciosidade e a intemperança. Porém, no versículo 14, Paulo convida: 'Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo'. Significa recebê-lo no coração e deixá-lo dominar inteiramente a nossa vida. Não há vitória moral fora de Cristo. Estar revestido de Cristo é ter a presença pessoal do Espírito Santo dentro de nós, limpando e purificando o nosso interior" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.140).


"Deveres Espirituais (13.11-14)
Consciência escatológica (v.11Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta um de natureza escatológica: "E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono [...]" (Rm 13.11). A palavra tempo, aqui, traduz o termo grego kairós, que significa tempo oportuno. Para o apóstolo, a vinda de Jesus era uma realidade sempre presente na vida do crente.
Consciência da salvação e do Espírito Santo (vv. 11,14).
Nos dois últimos versículos de Romanos 13, observamos que há a necessidade de uma consciência que seja soteriológica e pneumatológica (Rm 13.11). A referência direta ao Salvador está na palavra salvação e a referência indireta ao Espírito Santo está na frase: [...]"E não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências" (Rm 13.14). É o Espírito quem produz o fruto na vida do crente de forma que este possa vencer as concupiscências da carne (Gl 5.19-22). Cabe ao cristão andar no Espírito para não satisfazer os desejos da carne.

SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO
"Romanos 14.10-12
Cada um de nós dará contas do que faz a Cristo, não aos demais irmãos. Embora a Igreja procure ser inflexível em sua posição contra certas atividades ou comportamentos expressamente proibidos pelas Escrituras (adultério, homossexualidade, assassinato e roubo), ninguém deve criar regras e regulamentos adicionais, concedendo-lhes uma condição semelhante à lei de Deus. Muitas vezes, os cristãos baseiam seus critérios morais em opiniões, particularidades pessoais ou preceitos culturais, em vez de na Palavra de Deus. Quando o fazem, mostram como sua fé é fraca e não imaginam como Deus é suficientemente poderoso para guiar seus filhos. Quando nos colocamos perante Deus e prestamos contas de nossa vida, não nos preocuparemos com o que nosso vizinho cristão fez (2 Co 5.10)" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p.1575).

"Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo." Mateus 12:36


"Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal." 2 Coríntios 5:10


CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio social como espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado. Devemos respeitar a ordem estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual temos deveres para com o outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fl 3.20), somos também cidadãos da Terra. Devemos investir nos relacionamentos horizontais, mantendo sempre em mente que o salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns dos outros.

Fonte:
Lições Bíblicas - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - 2º.trim_2016 CPAD - Comentarista Jose Gonçalves
Livro de Apoio - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - Comentarista José Gonçalves
Romanos. O Evangelho da Justiça de Deus - 5ª.ed.CPAD
GRUDEM, Wayne. Politica segundo a Bíblia - Princípios que todo Cristão deve Conhecer. S.P. Ed.Vida Nova,2014.
Revista Ensinador Cristão-nº66
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe
Dicionário Teológico CPAD


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