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sábado, 15 de outubro de 2016

A Adoração após a Queda

Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo [...]” Hb 11.4


A vida em comunidade é um enorme desafio; são pessoas diferentes, com visões e percepções diversas, unidos por um elemento em comum, no nosso caso, a fé. Pressupõe-se que a Igreja seja um ambiente de construção de relacionamentos sadios, abençoadores e fundamentados em Deus. Mas na verdade, como bem sabemos, nem sempre é assim. A narrativa acerca de Abel e Caim ilustra de maneira primorosa como nossa convivência com outras pessoas pode ser conturbada e traumática. Eram irmãos, orientados a desenvolverem uma espiritualidade viva, todavia, foi exatamente no espaço religioso que o conflito tomou corpo: inveja, insegurança, rancor e raiva encheram o coração de um dos irmãos, enquanto o outro experimentava gratidão, acolhimento, aceitação e paz.

A adoração a Deus conduz-nos a uma vida de maior intimidade com o Senhor. Mas, neste percurso, muitas vezes nos deparamos com um perigoso obstáculo, nosso coração mau e teimoso.

“Inveja”, esta parece ser uma das palavras-chave de nossa lição hoje. Lembremos: não existe “inveja positiva”, a raiz de tal sentimento sempre é a vontade de destruição do outro.

Leitura Bíblica: Gênesis 4.1-8

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, vamos analisar um dos mais trágicos textos da Bíblia Sagrada: o fratricídio de Abel por Caim. Dentre as várias maneiras de se estudar este denso relato bíblico, o elemento do culto não pode ser desconsiderado em nenhuma delas. O fio condutor que interliga toda história de Abel e Caim é a adoração. Como compreender que o contexto da adoração a Deus pode fazer tanto bem a alguns e deixar outros tão mal? É sobre isso que pensaremos hoje.

I. ENTRE SACRIFÍCIOS E ASSASSINATOS: OS PRIMEIROS ANOS DEPOIS DA QUEDA

1. A vida além do jardim de Deus.
Os primeiros versículos do quarto capítulo do Gênesis concentram-se na apresentação das histórias de Caim, em hebraico eth — “com ajuda de...” e Abel, hébel, que significa “vaidade”, “efêmero”. Apesar das dores prometidas, da maldição sobre a terra e do esforço redobrado para a subsistência (Gn 3.16-19), Deus não havia abandonado seus filhos como bem reconhece Eva, pois era “com ajuda do Senhor” que a vida continuava após a Queda.

Conta-nos o texto que Caim foi lavrador, enquanto Abel pastor de ovelhas. As diferenças entre os filhos de Eva não se limitavam apenas a suas profissões; ambos eram muito diferentes quanto ao caráter (1Jo 3.12).

2. A adoração presente após a Queda.
De maneira absolutamente sucinta a Bíblia relata o acontecimento em Gênesis 4.3-5. Esta é uma típica cena do Antigo Testamento: no fim de um ciclo produtivo, as pessoas desejavam agradecer a Deus pelo bom resultado de seus trabalhos, e apresentavam-se diante do Altíssimo para oferecerem-lhe sacrifícios. Abel, criador de animais, traz o melhor de suas ovelhas. Caim, agricultor, oferece o fruto dos seus campos. Tudo ficaria dentro da normalidade se o escritor do Gênesis não destacasse a intrigante nota: “[...] e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou [...]” (v.4,5). Aqui está um detalhe relevante para nossas discussões a respeito do louvor e adoração que levanta vários questionamentos: Deus não recebe todo tipo de adoração? Como devo louvar para que minha adoração seja aceita? Neste caso a rejeição e a aprovação estão relacionadas aos elementos ofertados ou à vida das pessoas que ofertam?

3. A oferta que revela os corações.
Há várias hipóteses que procuram explicar a relação “aceitação — Abel x rejeição — Caim” neste texto. Abel apresentou suas primícias, enquanto Caim trouxe uma parte qualquer de sua produção. O problema se concentraria na importância que cada um deu àquilo que ofertou, o que revelaria o quanto o ato de ofertar seria significativo ou não. Seguindo outra análise, Abel já era um homem justo (Hb 11.4), Caim já era uma pessoa “do maligno” e de más obras (Jd 11), a aceitação-rejeição dos sacrifícios é uma imagem de louvor e denúncia dos comportamentos de ambos. Associar estes acontecimentos exclusivamente à natureza dos elementos ofertados — gordura e sangue de um lado, vegetais do outro — é muito precipitado. Nem a melhor oferta trazida por alguém consegue esconder seu coração diante de Deus.

Leia também: Caim era do maligno

II. QUANDO O MOMENTO DE LOUVOR TORNA-SE MOMENTO DE DOR

1. Caim não aceitou a verdade.
O texto não deixa claro de que modo Caim percebeu a rejeição de Deus para sua oferta. Se foi uma conversa pessoal ou um sinal que repercutiu em seu trabalho no campo, isso não nos é revelado. O fato é que diante da terrível constatação: “O Senhor não recebeu minha adoração!”, Caim agravou a situação — irou-se, expôs publicamente sua revolta, mas em momento algum procurou a Deus. Quando estamos diante de Deus, não há máscaras, personagens, mentiras, revelamo-nos em nossa inteireza. Caim não gostou do que viu. Diante da bondade de Deus, o coração mau do filho de Adão veio à tona, e isto entristeceu-lhe. O que Caim deveria ter feito? Deveria ter se humilhando e pedido ajuda do Pai.

2. A adoração como momento de cura e restauração.
Quantas pessoas têm o privilégio de serem tão abertamente esclarecidas pela palavra divina como Caim? O ato de Deus para com o filho de Eva não era punição, mas orientação. Tanto que o Senhor preocupa-se em esclarecê-lo e conscientizá-lo sobre os riscos que ele corria se não mudasse de postura (v.6,7). Reconhecer nossos erros não é nada fácil, é custoso, muitas vezes doloroso, mas como nos demonstra o caso de Caim, absolutamente necessário. Por não escutar a voz do Senhor, as consequências para Caim foram desastrosas (v.11,12). Caim não estava “predestinado” a matar Abel, pois o Senhor declarou-lhe o caminho de restauração. É diante de Deus, em adoração, que curamos nossas feridas e recebemos alento e ajuda do céu (2Co 12.7-10).

3. O que acontece quando não levamos a adoração a sério.
Caim não escutou as advertências de Deus. Isto parece ser mais uma prova de seu caráter duvidoso, de sua adoração mecânica e ritualística, que tinha como fim cumprir uma obrigação e não apresentar gratidão. A revelação do Senhor para Caim foi sem arrodeios (v.7). Ele, todavia, não temeu ao Senhor e covardemente assassinou seu irmão. Se continuarmos a leitura do texto, perceberemos que, cinicamente, Caim nega o fratricídio, e demonstra absoluta frieza ao declarar que nada tem a ver com seu irmão e que não é seu “guardador”. Quando não consideramos o louvor como algo digno de honra entre nós, nosso coração enche-se de terrível maldade (Is 46.12; Ez 2.1-5). Talvez o pior de tudo isso é quando a maldade extrapola nossos corações e fere quem está perto nós.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“‘E irou-se Caim fortemente’ (4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir por conta própria, sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora. Nunca poderemos nos desculpar por ter ofendido alguém dizendo: ‘Tenho um temperamento agressivo’. Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.28).

III. DEUS NÃO FICA INERTE DIANTE DA INJUSTIÇA

1. A dor do justo (v.8).
Esse é o primeiro registro nas Sagradas Escrituras da complexa questão: Por que sofre o justo? Esta indagação percorrerá toda a Bíblia, em inúmeros episódios. Como entender que a malignidade de Caim teve poder para realizar tão brutal ato? Mais ainda, como explicar a morte daquele que agradava ao Pai, sem que este interviesse na história? Estas são questões intrincadas com as quais somos desafiados a tratar diariamente, em nossas cidades, igrejas e famílias. Diante das múltiplas variáveis para responder os porquês, ao menos uma verdade emerge: Deus não fica inerte diante da injustiça. Os “Cains” nunca ficarão impunes! (v.11-16) Quanto aos “Abéis”, nenhuma morte pode enterrar suas bondades e atos de justiça os quais brilharão e servirão de inspiração às novas gerações. Talvez, “Porque o justo sofre?” seja uma pergunta demasiadamente complexa para respondermos, consolemo-nos com uma certeza: o justo nunca será desamparado, nem sua família (Sl 37.25).

2. Conflitos e dores nos espaços de adoração.
Nem sempre teremos no ambiente de adoração somente pessoas como Abel, desejosas de oferecer a Deus suas vidas e dons. Entretanto, como Abel, devemos focar nossa vida e adoração para o serviço a Deus. E devemos nos lembrar de que o Senhor conhece aqueles que realmente estão adorando no culto. O amor de Deus é capaz de nos direcionar nos momentos de adoração dentro e fora da congregação. E os que são maus, como Caim, não terão guarida onde os santos vivem (Sl 1.5).

3. Quem feriu quem?
Uma última verdade que necessitamos explicitar, acerca de Abel e de sua morte pelas mãos de Caim é a seguinte: Deus não foi o responsável pelo que aconteceu! Há pessoas que, quando sofrem, reputam seu sofrimento a Deus. Ocorre que em um mesmo lugar de adoração podemos ter pessoas com o sentimento de Abel e o sentimento de Caim, mas isso não deve ser motivo para desistir da vida em comunidade. Por isso, não há motivos para abandonar sua comunhão com o Pai. O Senhor nos ama infinitamente (Ef 3.18,19). Se pessoas te decepcionaram, Deus nunca nos desapontará (Sl 94.14).

O reconhecimento de relações conflituosas é um passo importante para a construção de um ambiente de cura e restauração.

CONCLUSÃO
Partindo do olhar construído durante toda esta lição, podemos afirmar que há dois tipos de pessoas que se apresentam diante do Pai em adoração: Aquelas que reconhecem a soberania dEle, e por isso são capazes de darem o melhor de si; e as outras que não podem dar a Deus o melhor de si porque estão envoltos em maldade e inveja. Para estes há punição, para aqueles Deus destina amor, paz e redenção.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Romanos 12:1

Fonte:
Revista Lições Bíblicas Jovens 4º Trim/2016 - Em Espírito e em Verdade - A essência da Adoração Cristã - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal

Sugestão leitura:
Aqui eu Aprendi!

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