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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Abraão - Desafios de um Homem temente a Deus

Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” Hb 11.8

Abraão, a esperança do Pai da Fé


Gênesis capítulo 12 narra a gênese da história da nação de Israel por intermédio da vida do patriarca Abraão. Seu pai, Terá, o chefe do clã da família de Abraão estabelecida em Ur dos Caldeus, tomou a Abrão, Ló e Sarai para sair daquela terra a fim de ir à Canaã (11.31). Em Harã, uma importante cidade comercial da Síria, Terá morreu. Mas ali, Abrão recebeu uma palavra de Deus o exortando a sair de Harã e a prosseguir o caminho de seu pai para o lugar que o Senhor lhe mostraria, Canaã. Assim, o patriarca prontamente obedeceu a voz de Deus e tomou o seu sobrinho Ló, sua mulher Sarai e todas as pessoas acrescidas à sua família em Harã e partiu para Canaã. Agora, Abraão seria um peregrino até chegar à terra que o Senhor havia prometido lhe dar.

Assumir o clã familiar por causa da morte de seu pai, reunir toda a família e tomar a decisão de continuar a jornada para uma terra completamente desconhecida, não era uma das tarefas mais fáceis. Quantas crises Abraão não enfrentou?! Inimigos vários, por exemplo. Afastamento de seu sobrinho para evitar uma crise maior entre os dois grupos; negociações políticas e comerciais para garantir a paz e o que havia conquistado mediante o seu esforço; tristeza na caminhada ao sepultar a sua amada esposa. Foi a partir desses muitos enfrentamentos com a realidade da vida que a fé de Abraão foi forjada e fortalecida. O apóstolo Paulo nos diz que “creu Abraão em Deus e isso lhe foi imputado como justiça” (Rm 4.3). A fé do patriarca foi agigantada na sua relação com o Pai e, por isso, tudo lhe ocorreu como resultado da iniciativa de o nosso pai na fé crer na promessa de Deus.


As promessas foram muitas: “Far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei”; “Engrandecerei o teu nome”; “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”. E todas foram poderosamente cumpridas. De Abraão, Deus formou uma grande nação e a abençoou, engrandeceu o nome dele e abençoou todas as famílias da terra, pois a salvação vem dos judeus, Jesus Cristo (Jo 4.22).


Entretanto, o escritor aos Hebreus nos lembra algo mui significativo na vida de fé de Abraão: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (11.13). Em uma sociedade tão imediatista como a nossa, faz todo sentido saber que o pai da fé Abraão não viu as principais promessas se cumprindo em sua vida peregrina pela terra. (Revista Ensinador Cristão nº68-pg.37)


A fé que Abraão tinha em Deus fez com que ele vencesse todos os obstáculos em sua caminhada.


Leitura Bíblica em classe: Gênesis 12.1-10


Na cronologia histórica do Gênesis, nos capítulos  1  ao  11,  temos o relato da criação da terra e a criação do homem, obra-prima de Deus. Esses onze capítulos são absolutamente vitais para entender o restante da Bíblia. Da criação ao Dilúvio, as datas aproximadas envolvem os anos 3975-2319 a.C., e do Dilúvio até a Era Patriarcal temos os anos 2319-1967 a.C. Na cronologia bíblica, quando Deus chamou a Abraão, em Ur dos Caldeus, o patriarca tinha 75 anos de idade no ano aproximado de 1892 a.C.


No contexto dos primeiros onze capítulos, quatro homens importantes se destacam na história da humanidade, que são: Adão, Sete, Enoque e Noé. Nesses mesmos capítulos, destacam-se, especialmente, quatro importantes eventos, que são: a criação, a queda do homem pelo pecado, o Dilúvio e a torre de Babel. Os primeiros acontecimentos da história da humanidade encontram-se no contexto desses capítulos. Na etapa histórica da obra da criação, Deus trata com toda a terra, com o mundo dos homens como um todo.


A partir do capítulo 12, inicia-se a era patriarcal, e nessa etapa aparecem os patriarcas Abraão, Isaque, Jacó  e José. Nesses próximos capítulos (12 a 50), depois da confusão de línguas em Babel (Gn  11), espalharam-se as gentes por toda parte e as características raciais se tornaram distintas por toda a terra. As organizações tribais, as línguas e as  etnias acabaram por formar as nações espalhadas no mundo inteiro. Organizaram-se, também, sistemas de governo de povos, de famílias e tribos, e iniciou-se a era patriarcal, em que o pai de família se constituía em chefe, príncipe de tribos e famílias. Surgiram alguns personagens históricos, ancestrais de Abraão que deixaram  a marca de suas vidas  na história, mas foi Abraão que Deus escolheu para estabelecer um novo pacto que alcançasse  todas as nações do mundo.

Abraão é advindo de uma família pagã ainda na Mesopotâmia, uma região que é ocupada, hoje, pela Turquia e pelo Iraque. A Mesopotâmia dos tempos abraâmicos era uma terra fértil, margeada por dois importantes rios —  o Tigre e o Eufrates. Foi nessa terra que Deus, por sua onisciência e providência, escolheu Abraão como o ponto de partida para formação de um povo especial que o servisse e o representasse na terra. Deus, Yahweh Adonai, em meio à humanidade corrompida pelo pecado desde Adão, escolhe Abraão e percebe nele qualidades com as quais poderia resgatar sua soberania no mundo de então.
Abraão, além de inteligente e perspicaz, era homem de grande sensibilidade espiritual, propiciando-lhe o encontro com o Deus eterno, invisível e poderoso, rejeitou a todos os deuses de sua família, creu nEle “e isso lhe foi imputado como justiça” diante desse Deus (Rm 4.3). Abraão descobriu pela fé que era possível falar com esse Deus e o Senhor podia contar com Ele. A partir de então, desenvolveu-se uma relação com um Deus Vivo e Pessoal, com o qual ele podia se comunicar.

SUBSÍDIO BÍBLICO TEOLÓGICO

“Abraão
Abrão, cujo nome Deus mais tarde mudou para Abraão, nasceu em uma das fabulosas cidades do mundo antigo, Ur. Nos dias de Abrão, 4.100 anos passados, Ur era o centro de uma rica cultura, uma cidade localizada ao longo do rio Eufrates, que ostentava uma arquitetura monumental, enorme riqueza, moradia confortáveis, música e arte. Em sua terra natal, Abrão ‘servia a outros deuses’ (Js 24.2). No entanto, quando recebeu o chamado de Deus, Abrão deixou sua civilização e peregrinou para Canaã, onde viveu como nômade em tendas por quase cem anos. Abrão trocou a desvanecente glória deste mundo por um relacionamento pessoal com Deus — e ganhou fama imortal. Hoje ele é reverenciado por adeptos de três grandes religiões mundiais: judaísmo, islamismo e cristianismo. O Antigo Testamento o reconhece como patriarca do povo escolhido de Deus, os judeus. E o Novo Testamento o dignifica como o pai espiritual de todos que ‘andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai’ (Rm 4.12).

Qual a importância de Abraão para nós? Primeiro, não podemos entender o Antigo Testamento até que o notemos como a realização na história das promessas que Deus deu a essa figura altaneira. Segundo, quando meditamos nos relatos sobre Abraão, encontramos muitos princípios que podemos aplicar hoje para enriquecer nosso relacionamento pessoal com o Senhor” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.33).




Ur dos Caldeus

“A cidade de Ur desempenha um papel pequeno na história do Antigo Testamento, porém bastante significativo. Quando Deus resolveu escolher um homem e uma família como ancestrais da nação de Israel, esse homem foi Abrão e a família foi a família de Terá. Todos eles eram semitas ocidentais (ou amorreus), embora nessa época estivessem vivendo no sul da Mesopotâmia, dentro dos limites ou nas proximidades da cidade sumeriana de Ur”. (Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p.1977)

DESAFIOS DO CHAMADO DE DEUS

Um Projeto da Presciência Divina

A presciência é um dos atributos divinos que é pertinente só ao Deus trino. Por esse  atributo, Ele sabe todas as coisas e nada do universo criado fica fora do seu  conhecimento. É inerente à natureza divina a presciência. Nesse sentido, existem outros  atributos da divindade que são relativos, são comunicáveis às suas criaturas racionais,  anjos e homens. Um desses atributos comunicáveis é a sua providência. Em sua providência, Deus preserva e governa tudo no universo. A Bíblia diz que Ele sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3). Em sua providência, Ele planeja, cuida e executa seu plano com o homem de modo individual. Por sua presciência, Deus conhece todas as coisas, não só do passado e presente, mas também do futuro. Em sua providência presciente, o Deus de toda provisão tinha um projeto de resgate da sua comunhão com a humanidade perdida pelo pecado. Existem fatos na história da humanidade que desafiam a curiosidade humana. São fatos que extrapolam o conhecimento humano porque eles advêm dos projetos de Deus. São fatos espirituais relacionados com os mistérios da divindade, e não é possível entendê-los por meios naturais. Para nós, suas criaturas, os eventos do mundo nos surpreendem, mas para Deus, nada do que acontece é surpresa. Todos os eventos da criação, da natureza, físico e da  nossa vida são conhecidos de Deus. Em meio a tantos personagens interessantes da história, desde Adão, foi exatamente Abraão quem Deus escolheu para tecer uma nova história.

Abraão, portanto, faz parte de um projeto divino engenhado em sua presciência como um homem escolhido para ser aquele que entraria na história da salvação da humanidade. Nada se sabe do período da vida de Abraão desde o seu nascimento (em torno do ano 2166 a.C.)  até quando foi chamado por Deus para ser objeto de uma missão de resgate da comunhão com Deus e fazer a sua vontade. Na providência divina, de Abraão sairia a semente que formaria uma família especial, que se tornaria, depois, um povo, uma raça,  uma etnia especial. Dessa etnia especial, no tempo de Deus, sairia o Salvador do mundo, Jesus Cristo (Mt 1.1,2,17).


O Desafio de um Projeto Especial

Existe uma linha de pensamento que defende a ideia de que Deus, em sua soberania, escolhe a quem quer para satisfazer sua vontade, independentemente de a pessoa aceitar ou não. É uma ideia determinista, que não aceita o “livre-arbítrio” e, por isso, ensina que o  homem não possui a capacidade de escolher o que quer por causa da depravação do pecado na essência da sua natureza afetada pelo pecado.

Respeitamos os pontos de vista contrários ao que cremos, mas Deus escolheu Abraão para a execução do seu projeto, e esse mesmo homem, ainda que crendo em Deus, teve momentos de indecisão O Senhor usou de todos os meios possíveis para convencer a Abraão de que ele era alguém especial no plano divino e, por isso, seria assistido o tempo todo de sua vida pelo “Deus de toda provisão”. Abraão foi desafiado a obedecer a um projeto especial para a sua vida, e Deus garante o sucesso desse projeto com um pacto que continha promessas e compromissos (Gn 12.1-3). Esse pacto entre Deus e Abraão não podia sofrer interferência de sentimentos de qualquer espécie. Abraão deveria apenas acreditar no plano divino e obedecer com a garantia de que nada lhe faltaria em sua jornada de fé. Esse pacto continha exigências especiais feitas a Abraão. Essas exigências continham a essência do plano divino, as quais deveriam ser obedecidas a fim de que Abraão não viesse sofrer qualquer restrição. Abraão creu e aceitou pela fé o desafio de seu  chamado, e saiu daquela terra para uma terra que não conhecia. O autor da Carta aos Hebreus, inspirado, escreveu: “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um  lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” (Hb 11.8). Abraão tomou posse da palavra de Deus e partiu para a ação.


O Desafio da Obediência Total ao Projeto Divino
Fé e obediência são os elementos mais fortes de uma relação com Deus. De início, Abraão obedeceu, e a Bíblia confirma quando diz: “Pela fé, Abraão obedeceu [...]” (Hb 11.8). No relato histórico desse desafio em Gênesis 12, os três primeiros versículos resumem as bênçãos e maldições no pacto feito entre Deus e Abraão. Era um contrato sob o compromisso de ambas as partes. Não se tratava de uma mera aliança entre duas pessoas. Tratava-se de algo que firmaria que requeria a obediência total de Abraão. A provisão divina seria constante e marcada pelas promessas de Deus. A obediência de Abraão ao trato firmado produziria todas as provisões divinas, em termos de saúde, de prosperidade material, de vida devocional ao longo da sua história e de toda a sua descendência.

Notemos que Abraão, mesmo podendo discutir o projeto de Deus para a sua vida, não o fez, porque entendeu que o projeto de Deus era muito superior ao que ele mesmo pudesse empreender. Por isso, deixou o lugar seguro onde vivia para empenhar-se numa peregrinação sem destino certo. Deus escolheu Abraão porque ele reunia as condições necessárias para a consecução do seu plano. Não é diferente o modo de Deus agir em nossos tempos. Ele chama e seleciona aqueles que podem cumprir seus desígnios e projetos.


Em vez de discutir a proposta divina, Abraão partiu para um lugar desconhecido pela fé. Qualquer um de nós prefere conhecer os detalhes de um projeto antes de aceitá-lo.  Preferimos visualizar o  futuro desses projetos, mas Abraão foi chamado e desafiado para um projeto imprevisível. A imprevisibilidade daquele caminho proposto por Deus a Abraão desafia o conceito da fé previsível, papável e visível. Quem obedece ao chamado de Deus anda por fé, e não por vista. O modo ilógico de Deus agir começa com uma interrupção no nosso cotidiano humano. Interfere no quadro da nossa comodidade existencial e nos remete a um projeto inusitado, a um projeto que só Deus sabe.


O motivador de crises emocionais de muitos líderes cristãos é a reação ao desafio da obediência. Estamos sempre prontos para obedecer a Deus quando seus planos coincidem com os nossos, ou quando satisfazem nossas ambições pessoais. A experiência do profeta Jonas nos  faz ver a  dificuldade do profeta em obedecer a Deus, porque lhe fora pedido para cumprir uma missão num lugar onde Jonas não conseguia ver possibilidade de sucesso (Jn 1.1-3). A obediência de Abraão ao trato firmado com Deus produziria todas as provisões divinas, em termos de saúde, prosperidade material e vida devocional abundante.


A PROVISÃO DE DEUS EM CIRCUNSTÂNCIAS IMPREVISÍVEIS


A desobediência sempre produz fruto amargo, e Abraão, desde que ouviu a voz de  Deus e os requisitos que deveriam ser obedecidos, não teve forças para obedecer 100% ao que Deus lhe dissera. Deixou-se influenciar por um sentimentalismo familiar, levando consigo em sua peregrinação inicial a casa de seu pai e o sobrinho Ló e sua família. Na caminhada, desde Ur dos Caldeus, quando saiu, seus parentes só lhe trouxeram aborrecimentos e entraves à sua peregrinação. Mesmo assim, Deus não desistiu de Abraão, porque conhecia o coração dele. Não somos perfeitos, por mais que queiramos fazer as coisas corretamente, de vez em quando, sofremos interferências que prejudicam o nosso caminhar.


Abraão Enfrenta o Problema da Interferência Familiar

A única pessoa que Deus havia permitido a Abraão levar consigo era a sua esposa, Sara.  Os demais deveriam ficar onde estavam e viviam. Na verdade, o primeiro chamado de Abraão aconteceu em Ur dos Caldeus (At 7.2-4). Porém, houve um segundo chamado que era como um lembrete à mente de Abraão em Harã, uma pequena cidade da Síria. Em Harã o velho Abraão desperdiçou grande tempo do projeto divino porque continuava preso aos seus familiares. Abraão não conseguia se desvencilhar desses parentes e, então, acomodou-se por algum tempo até que Deus o desafia segunda vez e ele toma o caminho de Canaã.

Certa  feita, em 1968, em minha experiência pessoal como pastor, ainda bem jovem e cheio de sonhos, passei por uma crise forte. Eu tinha a convicção da direção de Deus em minha vida, mas não estava sabendo discerni-la. Em meio àquela crise, algumas pessoas interpretaram mal as minhas dificuldades daquele momento e me aconselharam a desistir do ministério, chegando a arrumar emprego na cidade. Mas a experiência que tive com Deus em minha chamada me fizeram compartilhar apenas com a esposa, que sabiamente

me aconselhou a não ouvir outras pessoas, mas obedecer ao plano de Deus, porque Ele cuidaria de nós. Interferências sempre são perigosas quando temos um plano de Deus em  nossas vidas.

Entretanto, Abraão sai de sua terra, em Ur dos Caldeus, e vai para Harã, levando consigo parentes que não serviam o seu Deus e nem podiam entender sua audácia. Seus familiares sabiam que Abraão era ousado, inteligente e capaz de superar dificuldades, e que superaria quaisquer problemas ao longo de sua caminhada. Talvez, por algum momento de fraqueza, Abraão permitiu interferências materiais e sociais que o impediram de obedecer de forma livre e integralmente. Ele não teve força moral suficiente para desimpedir-se desses sentimentos familiares. Quando Deus o chamou, ele deveria ter saído apenas com sua mulher, Sara, mas acabou levando o pai, o sobrinho Ló e outros familiares. Apesar de sua “meia-obediência”, Deus não desistiu de Abraão, mas deu-lhe toda a provisão necessária para a economia pessoal e familiar. Abraão entendeu que o seu lugar não era aquele e deveria ir mais além, à  terra de Canaã (Gn  12.6).




Abraão Confia no Plano Divino e Entra na Terra de Canaã

A despeito de todos os obstáculos que aconteceram desde que saiu de Ur dos Caldeus indo para Harã, Abraão cria no plano de Deus. Ficando em Harã por algum tempo, os planos iniciais para a terra de Canaã foram atropelados por seus familiares. De Ur para Harã vieram seu pai Terá, seu irmão Naor e o sobrinho Ló. Depois da morte de seu pai Terá em Harã (Gn 11.31,32), Abraão ouve a voz de Deus e, sem tosquenejar, sai de Harã e toma o caminho de Canaã, passando a habitar em Siquém, uma cidade na terra de Canaã. Ao chegar a Siquém, mais uma vez Abraão ergue um altar ao Senhor. Ele procurava em  todo o tempo manter a comunhão e a direção com Yahweh, o seu Deus. Porém, Abraão continuava preso a seus familiares. Seu sobrinho Ló ainda o acompanhava, e ele não conseguiu ficar só. A despeito dessas amarras familiares, Deus não havia desistido dele e, mais uma vez, reafirma suas promessas e lhe mostra toda a terra dos cananeus como a terra prometida para ele e seus descendentes (Gn  12.6).

Nessa terra “de leite e mel” não faltou oposição. A região tinha pequenas aldeias e vilas, e o seu povo vivia uma vida de escassez. Além do povo cananeu, o seu sobrinho Ló estava lá crescendo em gado e riquezas numa terra que estava destinada apenas para Abraão.  Entretanto, a generosidade e a paciência de Abraão, demonstrando não ser um homem ganancioso, permitiam que Ló continuasse a interferir no plano de Deus.


O Deus que se revelou a Abraão não perdeu o foco nele porque era o homem especial que  havia sido escolhido pelo Senhor para esse projeto. Nessa cidade, em Siquém, Deus lhe aparece numa teofania especial e reafirma suas promessas para lhe dar forças para prosseguir, e Abraão, mais uma vez, sai de Siquém e vai para Betel (Gn 12.7). Feliz porque Deus não havia desistido dele e não levou em conta sua falta de decisão em relação ao seu sobrinho Ló, Abraão novamente edifica um altar ao Senhor como gratidão pelo seu cuidado para com ele. Abraão foi assistido pelo Deus de toda provisão em sua peregrinação.


Abraão Enfrenta o Problema da Escassez em Canaã

Abraão, ainda homem de fé tinha seus momentos de fraqueza diante de algumas dificuldades. Experimentou o poder da oposição dos cananeus, mesmo fazendo diferença naquela terra em que prosperava. Os cananeus se encheram de inveja, e passaram a fazer oposição à presença de Abraão e sua gente. Abraão se deixou dominar por um pessimismo naquela terra da promessa e, percebendo a escassez de grama e de grãos, deixou de olhar para o Senhor. Sua visão vertical estava agora voltada para a terra horizontalmente, em fez de confiar nas promessas de Deus. Os cananeus perceberam a prosperidade de Abraão, e este se tornou então alvo da inveja dos cananeus. Eles não conseguiam entender o que fazia Abraão um homem rico, a despeito de toda a escassez daquela terra. Abraão deveria continuar confiante nas promessas de Deus, mas tirou sua visão de Deus e passou a considerar a escassez da terra, que por questões climáticas havia se tornado seca e a fome era sentida naquele lugar.

Abraão se deixou intimidar pela situação e não buscou de Deus a resposta como aquEle que lhe daria todas as coisas como “o Deus de toda provisão”. Seu coração se encheu de paixão material pela fartura do Egito.


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“Quando a fome chegou. Abraão foi para o Egito, lugar onde havia alimento. Por que haveria fome justamente na terra para onde Deus havia chamado Abrão? Este foi um teste para a fé de Abrão que não questionou a liderança de Deus ao enfrentar a dificuldade e foi aprovado. Muitos crentes descobrem que, quando estão determinados a fazer a vontade de Deus, imediatamente encontram grandes obstáculos. Quando você enfrentar um teste assim, não tente repensar sobre a vontade de Deus. Use a inteligência que Ele deu a você e, como fez Abraão ao mudar-se temporariamente para o Egito, aguarde novas oportunidades” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, 2003, p.22).

A Tentação da Fartura do Egito

Abraão deixou de olhar para o Senhor e sua visão foi mais longe. A “terra de leite e mel”  onde vivia ficou empobrecida e sem condições de produzir alimento e água para o gado e para as famílias do lugar onde estava habitando. Ele ouve notícias do Egito que encheram o seu coração de ambição e, então, sem consultar a Deus, Abraão decidiu mudar-se para o Egito. Na verdade, ele fraquejou em sua fé e tomou uma decisão própria sem consultar o Senhor. A fartura do mundo é ilusória porque rouba a espiritualidade e produz um falso sentimento de satisfação. Quando Abraão desceu ao Egito, saiu da direção divina, tomando seu próprio caminho. No Egito, por pouco não perde sua mulher. No Egito, foi instado por seu medo dos egípcios a mentir, enganar e quase foi morto.
Mas Deus não desistiu de seu plano para com Abraão e Sara, que tiveram que aprender o risco de não obedecer à vontade soberana de Deus em suas vidas (Gn 12.11-13).

O RISCO DE AGIR POR CONTA PRÓPRIA


Provações Inevitáveis

Estranhamente, o homem de fé que tinha ousadia em algumas decisões confiado no cuidado de Deus se torna um fraco influenciado por circunstâncias exteriores. Ele pensa na “fome da terra” ainda que não tenha atingido a si e a sua família, mas deixa de olhar verticalmente para o Senhor, passando a olhar horizontalmente para a terra do Egito. Seu coração foi dominado por uma ambição maior na terra produtiva do Egito. Então, resolveu fazer seu próprio caminho com atitude egocêntrica, entendendo que alcançaria sucesso  no outro lado, o Egito, sem depender de ninguém.

Quando escolhemos trilhar o próprio caminho para solução de nossos problemas, tornamo-nos vulneráveis a situações difíceis. A terra onde Abraão escolhera para habitar era inóspita e havia enorme escassez em Canaã. O texto declara que “havia fome naquela terra”. Abraão estava naquela terra porque Deus lhe garantia que seria abençoado, mas ele não teve paciência em esperar que o Deus de toda provisão operasse o milagre. De repente, dominado por um sentimento de pessimismo, Abraão entende que deveria tomar uma atitude e, por isso, “desceu ao Egito”. Esse estado de coisas o fizeram agir precipitadamente e, então, decidiu fazer o seu próprio caminho, sem depender de Deus.


Salomão, rei de Israel, disse certa feita: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14.12). Deus não nos trata como marionetes, mas espera que entendamos que os seus caminhos são melhores e conduzem às bênçãos plenas, materiais, físicas e espirituais. É sempre perigoso sair da direção divina e tomar o próprio caminho.


As Ameaças da Vida no Egito sem a Direção de Deus

O ímpeto heroico de superação em Abraão era forte. Ele já havia se acostumado a ter vitórias em suas dificuldades. Por um momento, Abraão esqueceu-se de que tudo quanto havia alcançado teve o toque do dedo de Deus na sua vida. Então, ele sai da direção divina e faz o seu próprio caminho. Naturalmente, ele se tornaria responsável pelas consequências de suas decisões. Mesmo tendo agido de forma independente, Abraão não parou, em nenhum momento, para avaliar a atitude que estava tomando diante de Deus. Pelo contrário, seguiu o próprio caminho que fez até o Egito.

Ao descer ao Egito, atraído por uma civilização adiantada em relação aos lugares onde estivera, Abraão imaginou, inicialmente, que poderia “tocar a vida” por conta própria. Naquele lugar fora da vontade de Deus, ele não levantou um altar ao Senhor. Abraão assumiu a direção de sua vida e começou a elaborar um modo de sobreviver naquele lugar sem correr  riscos  de vida.  Passou  a depender de  si  mesmo  para a tomada de qualquer decisão para estabelecer sua fazenda nas terras egípcias.


Agindo por conta do seu ego carnal, Abraão teceu planos para obter sucesso fácil naquela terra estrangeira. Então, a força da carne o fez engenhar artifícios de mentira, de dissimulação e duplicidade de caráter para não sofrer qualquer impedimento da parte dos egípcios. Totalmente fora da vontade de Deus, ele passou a usar dos artifícios que o levariam a mentir, dissimular para passar no meio dos egípcios sem ser notado. Começou sua jornada mentirosa e dissimulada ao mentir sobre Sara, sua mulher, com medo de ser morto por causa dela, porque era muito bonita (Gn 12.13). Traçou um plano de dissimulação para sua mulher fingir que era sua irmã, e não sua esposa (Gn 12.13).


Ele estava completamente distante da vontade soberana de Deus e, por isso, tomou decisões que expuseram sua mulher a fazer o que não queria fazer, indo para o palácio de Faraó. Abraão abandonou o caminho da fé para viver sob seus próprios méritos. Ambos, Abraão e Sara, sabiam que estavam fora do plano de Deus e que a decisão de sair de Canaã e vir para o Egito era uma decisão rebelde, autodependente e egoísta. Certamente os dois, Abraão e Sara, sabiam do erro que cometeram neutralizando a voz de Deus em suas vidas. Era como se estivessem dizendo a Deus que não se preocupasse com  eles, pois sabiam cuidar de si mesmos. Ainda assim, Deus não desistiu deles. O seu plano original estava de pé para os dois.


O Caminho Fora da Vontade de Deus
Nos versículos  11  a  13, temos o retrato de um homem e uma mulher que sufocam a força da fé pela qual venceram obstáculos e ambos fazem uma dissimulação para enganar os egípcios. Era um modo de tentar “tapar o sol com uma peneira”. Abraão propõe a Sara fingir ser sua irmã, e negar que era sua esposa. Essa dissimulação foi um ato de covardia de Abraão para com sua esposa. Ela era uma mulher muito bonita, e quando os egípcios a vissem, matariam a Abraão se descobrissem que era sua esposa. Ambos tiveram atitudes enganosas, por isso usaram de disfarce e fingimento para continuarem naquela terra. Ele expôs sua mulher ao ridículo, à vergonha e correu o risco de perdê-la, caso o Faraó gostasse dela.

O caminho fora da vontade de Deus induz aos caminhos tortuosos e pecaminosos. Tiago, apóstolo de Jesus Cristo, escreveu: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.14,15). No versículo 13, Abraão teve uma atitude que revelou a sua fraqueza dominada pelo “espírito do erro” quando induz sua mulher, Sara, a agir com duplicidade de caráter, levando-a a dissimular, mentir e agir com duas atitudes. Ele e sua mulher, conscientes do pecado da mentira e da dissimulação, ficaram expostos aos mais absurdos pecados. Os dois teriam que fingir para sobreviver. A duplicidade de caráter é algo  que aborrece a Deus. Os dois imaginaram que nada mais poderiam fazer para voltar atrás e que certamente Deus não os perdoaria, e eles teriam que depender de seus próprios esforços. O autor do Salmo 119 diz do seu sentimento de temor a Deus: “Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei” (SI 119.113). Fora da direção de Deus, Abraão e Sara passaram a agir com total duplicidade para proteger suas vidas e seus  interesses  materiais; por isso, o uso de má fé para obter algum  tipo de lucro é rejeitado pela Palavra de Deus. Tiago, em sua epístola no Novo Testamento, escreveu que “o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1.8). Deus sabia e conhecia a Abraão e sabia que era homem íntegro, mas, por medo, passou a agir de forma errada. Passou por todos os riscos possíveis ante o Faraó e o povo do Egito, e poderia ter sido morto. Por causa de sua mentira, poderia ter perdido sua mulher para Faraó e ainda poderia ser morto. Diz o sábio Salomão nos seus provérbios que “suave é ao homem o pão da mentira, mas, depois, a sua boca se encherá de pedrinhas de areia” (Pv 20.17). Entretanto, não aconteceu o  pior, porque Faraó foi mais justo do Abraão, devolvendo Sara e ordenando a sua saída do Egito. Mas os juízos de Deus são perfeitos, e Ele interferiu naquela situação para que Abraão fosse salvo da morte.


A Interferência do Deus de Toda Provisão na Vida de Abraão

Fora do Egito, Abraão e Sara tiveram que amargar a vergonha do seu pecado de mentira e fingimento naquela terra. Sua consciência amordaçada enquanto fazia coisas erradas foi liberada para que Abraão tivesse uma atitude de arrependimento a fim de alcançar a misericórdia de Deus. O relato bíblico diz que, envergonhado Abraão e todo o seu povo saiu com ele para fora do Egito. Gênesis 13.1 diz que: “Subiu, pois, Abrão do Egito para a banda do sul”. Abraão aprendeu a lição e voltou ao lugar anterior em Betel, na terra de Canaã, e foi ao lugar do altar que outrora tinha levantado e “invocou ali o nome do Senhor” (Gn 13.4). Apesar dos erros do casal, Deus não os julgou pelos critérios dos homens. Ele fez valer sua justiça para preservar seu plano na vida de Abraão e lhe ensinou, por intermédio de Faraó, que o seu senso de justiça era mais correto do que o de Abraão e, por isso, liberou Sara, sem tocá-la, e entregou-a ao marido, ondeando-lhe que saísse da terra do Egito. Na verdade, houve interferência divina, e Abraão e Sara tiveram que amargar a vergonha do seu pecado de mentira e fingimento naquela terra.

CONCLUSÃO

A despeito dos momentos de fraqueza de Abraão, sua fé foi o elemento espiritual que o capacitou a agir e reagir para superar as dificuldades. Ele já tinha vencido grandes reveses, agora, depois de haver chegado à Terra Prometida, não poderia deixar-se ofuscar pelo desânimo. O caos da fome experimentado na terra de Canaã e as decisões precipitadas pelas quais pagou um preço caro de perdas o ensinaram a reconhecer que o seu Deus não era como os deuses mortos e neutros daquela terra. O seu Deus era o Deus de toda provisão.

O caminho da vontade de Deus é sempre cheio de desafios que nos ensinam a lidar com as circunstâncias adversas.


SUBSÍDIO BÍBLICO - TEOLÓGICO

“Em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3). Esta é a segunda profecia das Escrituras sobre a vinda de Jesus Cristo a este mundo. O texto fala de uma bênção espiritual que virá através de um descendente de Abraão. Paulo declara que esta bênção se refere ao evangelho de Cristo, oferecido a todas as nações. A promessa de Deus a Abrão revela que, desde os primórdios da raça humana, o propósito do evangelho era abençoar todas as nações com salvação. Deus está agora realizando os seus propósitos através de Jesus e seu povo fiel, que compartilha da sua vontade de salvar os perdidos, enviando pregadores para proclamar o evangelho a todas as famílias da terra”
(Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.51).

Abraão era um homem de fé. Ele trocou a glória passageira desse mundo para ter um relacionamento pessoal com Deus. Sua fé não impediu de enfrentar provações e crises. Todavia, ele continuou olhando para o céu, contando as estrelas e crendo no milagre de Deus e na sua provisão para todas as áreas da sua vida. A fé nos faz vencer as crises e esperar confiantes nas promessas do Pai.


Fonte:
Lições Bíblicas - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Livro de Apoio - EBD - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Revista Ensinador Cristão-nº68
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé

Sugestão de leitura:
Aqui eu Aprendi!

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