Membros / Amigos

Conheça mais de nossas Postagens

Research - Digite uma palavra ou assunto e Pesquise aqui no Blog

sábado, 25 de novembro de 2017

Arrependimento e Fé para a Salvação

E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” At 2.38

Arrependimento e Fé para a Salvação

Os pentecostais concordam que o Arrependimento e a Fé são as respostas do ser humano ao chamado de Deus para a salvação. Segundo o teólogo pentecostal Daniel Pecota, o Arrependimento e a Fé são dois aspectos fundamentais da conversão. Não há verdadeira conversão sem arrependimento, sem reconhecimento do erro praticado. Fazer essa autoanálise, por natureza, é constrangedor, doloroso e vergonhoso, mas é a partir desse gesto que o arrependimento começa refletir o processo de metanoia, ou seja, uma mudança de mentalidade, uma nova natureza tomando o lugar da antiga, o “novo homem” assumindo o lugar do “velho homem”.

Da mesma forma, podemos dizer que não há verdadeira conversão se não houver a fé autêntica na pessoa bendita do Filho como o único Senhor, Salvador e Rei de nossa vida, pois ao reconhecermos a tragédia do nosso pecado, também reconheceremos que a única maneira de sermos salvos dessa tragédia é entregando-se a Cristo e aceitando a obra salvífica no Calvário que Ele fez por amor a nós. Essa fé não é natural, mas a que faz o ser humano se entregar por completo a Deus em pura confiança nEle. Assim como fez Abraão, que creu no Senhor e foi abençoado por Deus (Gn 15.6). Como Moisés que confiava inteiramente em Deus e corrigiu o povo que não confiava no Altíssimo com a mesma intensidade do legislador israelita (Dt 9.23,24).

Dito isso, prezado (a) professor (a), leia com atenção o quadro abaixo, pois auxiliará muito o seu plano de aula no estudo das palavras “Arrependimento” e “Fé”:

ARREPENDIMENTO

• No AT as palavras primárias para “arrependimento” são shuv (“virar para trás”, “voltar”), e nicham (“arrepender-se”, “consolar”).
• No NT são empregadas as palavras epistrephõ (“voltar-se para Deus”) e metanoeõ (“Voltar atrás”, “virada de pensamento além do intelectual”).


• No AT os termos hebraicos são: aman (“crer no Senhor”), batach (“depender do Senhor”) e chasah (“refugiar-se no Senhor”).
• No NT a palavra para fé é pisteuõ (“creio, confio”). A ideia é de uma confiança ilimitada em Deus, em Cristo no Evangelho ou no nome de Cristo.

Com base nessas palavras podemos concluir que Arrependimento é uma mudança de mentalidade, de natureza; enquanto que a Fé é a entrega ilimitada ao domínio de Deus por meio do seu Filho amado Jesus na força do Espírito Santo. Texto adaptado da obra “Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal”, editada pela CPAD, pp.368-371.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 2.37-41

Fé e arrependimento são condições essenciais para a salvação. Trata-se de duas operações conjuntas e sinérgicas em que o homem reage positivamente à ação do Espírito Santo, produzindo nele o pesar e a repugnância ao pecado, tão necessário à vida nova em Cristo. O Espírito Santo também produz simultaneamente a fé, sem a qual o indivíduo não poderia crer na obra salvadora de Cristo.


A FÉ COMO UM DOM DE DEUS E COMO RESPOSTA DO SER HUMANO

O homem é um ser finito que vive em constante busca pelo infinito e, devido à sua finitude, ele toma consciência de suas necessidades físicas, psíquicas e sociais e, a partir disso, inclina-se em busca de sentido para a vida. Nessa busca de sentidos, a razão transcende os limites de sua finitude e abre-se para a experiência e relacionamento com um ser superior, ou seja, com Deus.137

Nesse relacionamento, observa-se um ato de fé no qual o ser humano acredita e confia em uma força ou ser superior que os olhos físicos não contemplam, mas que se legitima pela fé, pois essa crença não se baseia apenas em sua razão ou vontade, mas também na experiência vivida com Deus, que o leva a reconhecer sua incapacidade de salvar-se por seus próprios méritos e reconhecer a Cristo como seu Salvador. Essa fé, acompanhada de uma atitude de conversão,138 concretiza a certeza da existência desse Deus. Isso é denominado fé salvífica.

No Antigo Testamento, o termo fé é encontrado apenas por duas vezes; em Dt 32.20: “[...] geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade” (emun) e em Hc 2.4: “[...] o justo, pela sua fé, viverá” (emunah). Nesses dois casos, a maioria dos eruditos concorda que os termos hebraicos significam fidelidade e não fé (ainda que a fidelidade origine-se apenas de uma atitude correta para com Deus, ficando pressuposta a fé).139 Isso não significa que a fé não seja elemento importante no ensino do Antigo Testamento, pois, ainda que a palavra não seja frequente, a ideia está presente em todo o texto.

O vocábulo emunah traz em si diversos significados que se relacionam com a fé, tais como: veracidade, sinceridade, honradez, retidão, fidelidade, lealdade, seguridade, crédito, firmeza e verdade. Diante de todos esses significados, podemos compreender melhor as razões pelas quais Deus diz que o justo viverá pela “emunah”.

Nos escritos veterotestamentários, as verdades acerca da salvação são declaradas de várias formas. Em algumas delas, chega-se a entender que se espera que os homens sejam salvos à base de suas obras. Porém, a passagem registrada em Sl 26.1 coloca a questão em sua correta perspectiva: “Faze-me Justiça, Senhor, pois tenho andado na minha integridade, e confio no Senhor, sem vacilar” (ARA). O salmista apela para a sua integridade; isso, contudo, não significa que ele estivesse confiando em si mesmo ou em suas ações. Sua confiança estava depositada em Deus, e sua integridade era o reflexo dessa confiança.

No Novo Testamento, a palavra fé é amplamente utilizada. O substantivo pistis e o verbo pisteuo ocorrem ambos mais de 240 vezes, enquanto que o adjetivo pistos ocorre 67 vezes. Essa ênfase sobre a fé deve ser vista em contraste com a obra Salvadora de Deus em Jesus Cristo.140  O pensamento de que o Senhor Deus enviou o seu Filho para salvar o mundo é central, e a fé é a atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança e também seus próprios esforços para obter a salvação. Trata-se de uma atitude de completa confiança em Cristo, de dependência exclusiva dEle, a respeito de tudo quanto está envolvido na salvação. Quando o carcereiro filipense perguntou o que deveria fazer para ser salvo, Paulo e Silas responderam sem qualquer hesitação: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.31).

A fé para a salvação é uma atitude do intelecto e do coração para com Deus em que o homem abandona toda a confiança em seus esforços de religiosidade, de piedade, de bondade ou de moralidade para obter a salvação (Gl 2.16) e confia completa e exclusivamente na obra salvadora de Cristo (At 16.30) operada na cruz. Portanto, a fé não consiste apenas em crer em algumas coisas como sendo verdadeiras, mas também em confiar na pessoa de Cristo (Jo 3.18). A fé para a salvação é um dom de Deus (Ef 2.8), cujo autor é Cristo (Hb 12.2); ela tem sua origem quando se ouve a Palavra de Deus (Rm 10.17) e é imprescindível para a pessoa apropriar-se da salvação (Jo 5.24). Embora seja um dom de Deus, ela precisa ser exercida ou manifestada para a obtenção da salvação.

O verbo pisteuo indica que a fé diz respeito a fatos. Jesus já havia dito isso com clareza para os judeus: “[...] porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.14). Portanto, uma fé que não se encontra acompanhada de um genuíno arrependimento não pode ser considerada autêntica. Isso nos é afirmado em Tiago 2.19. A palavra característica para indicar a fé salvadora é aquela em que o verbo pisteuo é acompanhado pela preposição eis. Essa construção significa literalmente “crer dentro”, ou seja, indica uma fé que tira o homem de si mesmo e coloca-o em Cristo.141  O homem que confia nesse sentido permanece em Cristo e Cristo nele (Jo 15.4).

A fé não consiste meramente em aceitar certas coisas como legítimas, mas, sim, em confiar numa Pessoa, e essa Pessoa é o Senhor Jesus Cristo. Ao compararmos o Antigo e o Novo Testamento, observa-se que a exigência básica para a salvação é a atitude correta para com Deus através da fé (Sl 37.3-5).

Existe, também, a dimensão humana da fé, ou seja, a fé natural. Sobre isso, Tillich pondera que a fé é a ação mais profunda e integral do espírito humano e afirma não ser possível separar a fé e a pessoa em sua totalidade, pois a mesma transcende e é percebida em cada uma das dimensões da vida humana, perpassando por seus ambientes sociais. Ele pondera ainda que o acesso à dimensão espiritual seria facultativa ao ser humano.142  A fé natural é a aceitação intelectual de certas verdades acerca de Deus, mas que não é acompanhada por uma vida condizente com o evangelho (Tg 2.17). Essa fé é vivenciada por todas as pessoas que até acreditam em Deus, que entendem que Ele fez todas as coisas, que acreditam que o sol levanta-se pela manhã por provisão dEle, mas, mesmo assim, não dão o passo de salvação necessário. A Bíblia afirma que até os demônios creem e estremecem (ver Tg 2.19). Essas pessoas até podem estar cientes da vida eterna, mas, ainda assim, não aceitam o sacrifício de Cristo que lhes beneficia com a salvação.

A fé salvadora apodera-se do poder infinito do amor. Ela é a confiança em Deus e crê que Ele ama a cada um e sabe o que é melhor para nós; assim, em lugar de nossos próprios caminhos, ela leva-nos a preferir os do Senhor; ao invés de nossa ignorância, aceitamos sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza, recebemos sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, sua justiça. É a fé que nos habilita a ver para além do presente, a contemplar o grande porvir em que tudo quanto nos traz perplexidade hoje será esclarecido; a fé aceita Cristo como nosso mediador à destra de Deus.

A salvação é pela graça, mas a fé é o elemento indispensável (Ef 2.8-9). Ela é a porta de entrada das bênçãos oriundas da salvação, que são: a justificação, a regeneração, a reconciliação, a adoção, o perdão, a santificação, a glorificação e a vida eterna. Além dos benefícios inerentes à salvação, a fé ainda permite: a cura de enfermidades (Mc 16.18; Tg 5.15); o batismo no Espírito Santo (Mc 16.17); a vitória contra o mundo (1 Jo 5.4), a carne (Gl 2.20) e o Diabo (1 Pe 5.8-9); a paciência (Tg 1.3); e a proteção contra os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16), que tentam colocar dúvidas e ferir a imagem de Deus em nós.

Não é suficiente crer a respeito de Deus. Precisamos crer nEe, pois a única fé que nos amparará é aquela que admite Cristo como nosso salvador pessoal. A fé não é uma mera opinião à fé salvadora, mas, sim, uma combinação na qual os que recebem Cristo conectam-se em aliança com Deus. Fé genuína é vida, e ter uma fé viva significa aumento de vigor, possuir uma firme confiança em Deus e em suas promessas. Fé não é sentimento; antes, é o “firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1).

A fé genuína tem seu fundamento nas promessas registradas nas Escrituras. A fé é, sem dúvida, um dos mais importantes conceitos de toda a Bíblia Sagrada. Em toda a parte, ela é requerida, e sua importância é insistentemente salientada. Fé significa lançar-se sem reservas nas mãos misericordiosas de Deus, abandonando, assim, toda a confiança em nossos próprios recursos. Fé significa apegar-se às promessas de Deus em Cristo, dependendo inteiramente da obra de Cristo referente à salvação, bem como do poder do Espírito Santo de Deus, que habita no crente para dEle receber fortalecimento diário. Fé implica em completa dependência de Deus e plena obediência a Ele.

ARREPENDIMENTO, UMA METANOIA DO ESPÍRITO.

No Antigo Testamento, arrependimento significa girar ou retornar e dedicar-se para Deus ao abandonar o pecado, voltando-se para Ele de todo o coração, alma e forças (Ne 1.9; Is 19.22).143 Essa é a maneira característica do Antigo Testamento para expressar o arrependimento do homem para com Deus. No Novo Testamento, significa uma mudança (metanoia) de mente e transformação de pensamentos, de consciência e de atitudes, abandonando o pecado e voltando-se para Deus, no sentido de dar meia volta na direção em que se estava e tomar outra direção. No arrependimento, sente-se tristeza pelo pecado (2 Co 7.10) e é necessário o seu abandono para abraçar a vontade de Deus.

O arrependimento “é a negação de uma direção de pensamento e ação, e a afirmação da direção oposta. Aquilo que se nega é o cativeiro [do pecado], e aquilo que se afirma é o novo ser criado pela presença de Deus”.144  O arrependimento livra-nos das amarras do pecado e da culpa que escravizam e tiram a alegria de viver; o arrependimento leva-nos a experimentar cura substancial dos pensamentos e da consciência cauterizada pelo pecado (1Tm 4.2). Leva, ainda, a desenvolver satisfação e uma autoestima sadia, sem orgulho nem autodesmerecimento, resultando em alegria e paz no coração.

Jesus afirmou que, para fazer parte do seu Reino, era necessário o arrependimento (Mt 4.17). Arrependimento não é uma reforma apenas, mas também uma entrega total à ação do Espírito Santo para promover as mudanças e transformações mais profundas na alma humana. Zaqueu teve um arrependimento tão genuíno que prometeu devolver quatro vezes mais a quem ele havia roubado (Lc 19.8). Arrependimento é diferente de remorso. Este é momentâneo e passageiro, e aquele deve atingir o mais escuro compartimento do coração humano numa mudança radical de atitudes.

O arrependimento é acompanhado do sentimento de culpa e do reconhecimento da falta praticada (Sl 51.1-4); de um sincero pedido de perdão (Sl 51.10-12); do abandono do erro (Pv 28.13) e da produção de frutos de arrependimento (Mt 3.8; At 26.20). O arrependimento está incluso no processo de conversão e abrange o ser humano por inteiro: o intelecto (Mt 21.30), as emoções (Lc 18.13) e a vontade (Lc 15.18-19). Portanto, a conversão é uma ruptura com antigas tradições e modos de vida abomináveis e pecaminosos.

Para que haja perdão de pecados, é necessário arrependimento (Lc 24.47). Isso implica em nascer de novo e converter-se completamente para Deus. Não se trata apenas de uma decisão da mente, mas envolve o ser humano por inteiro. O desejo de Deus é sempre perdoar e amar, e sua atitude em favor da humanidade morrendo numa cruz confirma-nos esse desejo; contudo, a retribuição do homem para com o amor de Deus foi a desobediência e o pecado, e, depois da Queda, não havia possibilidade de perdão para a humanidade caída, a não ser que alguém que fosse superior ao homem pudesse sofrer o castigo em seu lugar. Após a queda do ser humano, o mundo estava coberto de destruição e ira; no entanto, não foi a ira que levou Jesus à cruz, mas o seu indescritível amor.

Os efeitos do processo Redentor de Cristo são reais e verdadeiros. Isso pode ser confirmado não apenas a partir da Bíblia, mas também porque os efeitos são vistos na vida de muitos, e isso nos garante que o arrependimento, a confissão e o perdão são realidades que nos transformam. Sem a cruz, a confissão seria apenas mais um tipo de terapia; ela, porém, é muito mais, na medida em que promove mudanças reais em nosso relacionamento com Deus, com o próximo e conosco; é um meio de cura e transformação para o/a homem/mulher interior.145

A proclamação do evangelho através da pregação é um método sublime de convencer o pecador ao arrependimento. A mensagem mais clássica quanto a isso é o primeiro sermão de Pedro, quando foram batizadas 3 mil pessoas. Sua mensagem foi jogar em rosto (imputação de culpa) o que haviam feito com Cristo e seus milagres, sofrimento, morte, ressurreição e glorificação. Porém, o ponto central foi sua morte e ressurreição. Como fruto desse primeiro sermão, os ouvintes foram compungidos (At 2.37 – ARA), aflitos (NVI) — em outras traduções, poderia ser tocados, feridos, picados. Essa palavra provém do grego nusso, que significa espetar, como se um punhal tivesse atravessado o coração deles. Um desespero santo tomou conta do público, mas Pedro não lhes deu nenhum consolo passageiro, nenhuma promessa de vitória fácil. Veio, sim, a proclamação para o arrependimento (At 2.38), que, tendo sido aceita pelos presentes, serviu de base para o batismo, o consolo permanente.

Para dar o extraordinário efeito de arrependimento nos ouvintes, como relatado em vários textos de Atos dos Apóstolos, o kerygma (pregação) apostólico “consistia de três partes:

1) uma proclamação da morte, ressurreição e exaltação de Jesus;

2) a consideração de Jesus como Senhor e também como Cristo; e

3) uma convocação ao arrependimento e a receber perdão de pecados.

Assim, o kerygma, em sua plenitude, reunia uma proclamação histórica, uma consideração teológica e uma convocação ética.”146

O resultado dessa pregação, além do arrependimento verificado, foi a confissão de pecados (At 2.37). A Bíblia admoesta-nos a confessar nossos pecados uns aos outros e a orar uns pelos outros (Tg 5.16). Ela afirma-nos também que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (ver 1Tm 2.5). Ambas as instruções são encontradas na Bíblia, e uma não exclui a outra. A Igreja de Cristo é denominada como uma comunhão de santos, mas também uma comunhão de pecadores, no sentido de que ninguém ainda alcançou a plenitude da santidade, ou seja, todos ainda carecem de progresso na caminhada cristã.

O arrependimento atesta o reconhecimento não apenas do pecado, mas também da condição pecaminosa em que se encontra o homem. Contudo, remorso apenas não lhe garante vitória sobre o pecado — nesse sentido, o ato da confissão é de suma importância. Nele expõem-se as limitações a um conselheiro espiritual, e juntos agregam-se forças mútuas no desejo de prosseguir. Não confessar as falhas aos outros indica uma indisposição ao desejo real de mudança, especialmente quando não se consegue obter vitória sozinho sobre determinadas práticas nocivas. A confissão denota aceitação do julgamento e do castigo na intenção de receber perdão e esperança de transformação. Nesse processo, sente-se que a culpa foi superada, e uma nova coragem de ser torna-se possível.

Confessar nossas necessidades diante de irmãos e irmãs que nos orientarão no caminho correto dá-nos a certeza de que não estamos sozinhos. O orgulho e o medo que se apega em nós quando pensamos em confissão apega-se também aos outros; contudo, somos todos igualmente pecadores e, no ato da confissão mútua, o poder de cura é liberado, e nossa condição humana já não é mais negada, e sim transformada.147

O indivíduo que conhece, mediante a confissão privada, o perdão e o livramento de persistentes hábitos importunadores regozija-se grandemente nessa prova da misericórdia divina. Sempre existirão áreas na vida do cristão que não foram submetidas ao senhorio de Cristo e que, portanto, não passaram pelo processo de arrependimento (Hb 12.17). Por isso, a Bíblia enfatiza a necessidade de constantemente julgarmo-nos a nós mesmos (1 Co 11.31) e percebermos aquilo que sorrateiramente contamina o coração e que quer afastar-nos de Deus, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).

A FÉ E O ARREPENDIMENTO SÃO AS RESPOSTAS À SALVAÇÃO

Conversão não é um evento momentâneo; é, na maioria dos casos, um longo processo que se estende de forma inconsciente muito antes de romper na consciência, dando a impressão de uma situação inesperada que se apodera da totalidade da pessoa. 148 Existem relatos no Novo Testamento, como os da conversão de Paulo, que forneceram o modelo para essa compreensão de conversão. Observamos o impacto do primeiro momento (At 9.1), mas com desdobramentos constantes no desenvolvimento do processo.

A salvação é pela graça através da fé, que é a condição necessária para a obtenção da salvação. Sem ela (a fé), não se crê no sacrifício completo de Cristo e, portanto, podem surgir duas situações: a primeira é que a pessoa não compreende a necessidade de salvação e, por isso, não coloca sua fé em ação; e a segunda é o equívoco de tentar ganhar a salvação por méritos próprios. Conjuntamente, operam a fé exclusiva em Jesus para a salvação e, como consequência da fé, o Espírito Santo convence a pessoa do pecado, levando-a ao arrependimento.

Visto que a natureza pecaminosa é o estado próprio do ser humano, ele torna-se incapaz de reconhecer o estado pecaminoso em que se encontra e, devido a essa inconsciência, carece de uma orientação externa que produza o desejo de arrependimento e conduza-o a tomar essa atitude. Nesse sentido, até mesmo o desejo de arrepender-se já é, por si só, obra do Espírito Santo no coração do homem. O arrependimento muda a forma de enxergar a realidade, além de produzir uma transformação profunda através da qual se experimenta um sentimento ímpar de liberdade.

O arrependimento genuíno tem o poder de modificar as atitudes do coração da alma e da mente, tirando-as do caminho de morte e direcionando-as para um caminho de vida abundante. Todavia, esse poder não está presente em nossas vontades e desejos, mas, sim, em Deus, e somente Ele é capaz de realizar essa mudança.

A mudança que Deus produz no ser humano a partir de sua atitude de arrependimento não é uma mudança permanente. O arrependimento de hoje não lhe garante mudanças e transformações infindáveis. Enquanto estiver nesta terra, o homem estará cativo à sua natureza pecaminosa. Alguém disse uma vez que “o ser humano não é pecador porque peca, mas peca por que é pecador”, e a libertação dessa natureza está condicionada a uma dependência contínua da ação do Espírito Santo de Deus em sua vida. O arrependimento está intimamente relacionado à dependência de Deus. O ato de arrepender-se não produz transformação definitiva no ser humano; antes, é um espaço concedido a Deus para que Ele venha moldá-lo conforme a sua vontade. O que garante a durabilidade dos efeitos dessa transformação não é apenas a atitude humana de arrependimento, mas também a constante e permanente presença de Deus no homem, ou seja, o que garante a durabilidade dos efeitos dessa transformação é a consciência que o homem tem de sua total dependência de Deus.

A atitude de abandono do pecado subentende a volta ou o retorno do homem para Deus, e essa atitude de voltar-se para Deus deve ser uma ação contínua da parte do homem para, assim, garantir os efeitos benéficos que foram produzidos por Deus a partir de sua atitude de arrependimento. Nesse processo de arrependimento e perdão, a relação entre Deus e o homem será continuamente uma relação onde o Senhor demonstrará seu cuidado e seu amor na medida em que o homem reconhece seu estado de pecaminosidade, sua dependência para com Deus e a superioridade de Deus em relação a ele.

Somente o Espírito Santo pode conhecer e esquadrinhar o coração humano com profundidade, e aqueles que se abrem ao seu mover perceberão as situações que precisam de confissão em seus corações. O Espírito Santo opera o arrependimento na conversão (Jo 16.8), assim como se torna a condição necessária para receber o batismo no Espírito Santo. O batismo é recebido num coração inteiramente voltado para Deus e purificado do pecado através do arrependimento.

A purificação do pecado, que é produzida pelo genuíno arrependimento, não deixa o homem isento de errar novamente, mas livra-o do poder dominador que o pecado tinha sobre ele. Daí em diante, já livre da escravidão que o poder do pecado impunha sobre ele, a transgressão, que antes provocava um sentimento de prazer, provoca agora dor e abatimento da consciência, e a situação agrava-se se não houver arrependimento. A falta de arrependimento provoca tanto ou mais sofrimento do que o próprio ato de pecar, visto que, no ato de arrepender-se, está o caminho para a cura do mal que lhe causa o pecado.

Aceitar ou não essa salvação é a opção que é dada por Deus ao ser humano mediante a dádiva do livre-arbítrio. A partir dele, o homem é livre para escolher entre querer ou não querer o sacrifício feito por Cristo em favor dele e de toda a humanidade. Existem apenas dois caminhos e, ao optar conscientemente pela negação a Deus, o homem coloca-se num caminho de condenação eterna, mesmo que ele não admita isso.

Quando o homem nega conscientemente a Deus, ele segue gradativamente rumo à destruição de sua própria vida. A condenação final virá no dia do grande encontro entre Deus e o homem, onde todos seremos julgados e, a partir desse julgamento, absolvidos ou condenados. No entanto, as consequências dessa escolha podem ser vistas cotidianamente na vida de tais pessoas, visto que abandonar a Deus leva o homem à indiferença para com Ele, que, por fim, leva à oposição obstinada contra Ele. Nessa fase, o ser humano aprofunda-se no pior dos pecados, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo.

A blasfêmia contra o Espírito Santo acontece quando o homem opõe-se obstinadamente e sem arrependimento contra Deus. O blasfemo não se ocupa com a preocupação em ter blasfemado contra Deus. Esse tipo de preocupação é indício sólido de que o homem ainda não chegou nesse estágio. A característica principal do blasfemo é que nele não há remorso ou dor pelo seu estado pecaminoso, não havendo, em nenhuma hipótese, lugar para o arrependimento. Não que o pecado da blasfêmia não tenha perdão, pois, se houvesse um pecado que Deus não pudesse perdoar, Ele deixaria de ser Deus. A questão não é que Deus não perdoa esse pecado; o grande problema é que o blasfemo não consegue mais arrepender-se. Foi o que aconteceu com Lúcifer, e, não havendo arrependimento, não há espaço para a graça e nem para a fé, pela qual alcançamos a salvação em Cristo.

É extremamente necessário termos cuidado com a manutenção de nossa vida com Deus. As ações costumeiras de falta contra Deus e a ausência de reconhecimento da necessidade de arrepender-se e novamente ser alvo do perdão de Deus pode levar-nos gradativamente a um caminho de rebeldia obstinada, e esse é um caminho de grande perigo. Nele, a pessoa perde a noção da necessidade de salvação, ou então vai para o outro extremo, onde passa a acreditar que pode obter salvação mediante seus próprios méritos.

Existe apenas uma porta que nos leva à salvação, e a chave que abre essa porta não está em nossas mãos, nem tampouco naquilo que ingenuamente consideramos poder fazer para alcançar essa dádiva. A chave que abre a porta da salvação está em Jesus. Ele é a chave e também a porta, e a única coisa que cabe a nós é aceitarmos pela fé, que Ele mesmo nos deu, que Ele é o único Salvador e que dependemos dEle para alcançar essa salvação. A partir de então, tudo se torna novo; surge, assim, o novo homem nascido de novo (Jo 3.3). Isso significa que a organização da vida e todos os seus desdobramentos diante da família, sociedade, política, economia, igreja, amigos — tudo — assume uma nova característica agora condizente com a ética do evangelho de Cristo (Mt 5-7).


Como nova criatura, “as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Ao crente que experimentou essa conversão cabe esforçar-se para manter-se afastado do que outrora causou-lhe tanta dor, sendo o motivo de sua perdição. Agora, tudo é novo! Tudo faz sentido!




Fonte:
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening

Aqui eu Aprendi!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O comentário será postado assim que o autor der a aprovação.

Respeitando a liberdade de expressão e a valorização de quem expressa o seu pensamento, todas as participações no espaço reservado aos comentários deverão conter a identificação do autor do comentário.

Não serão liberados comentários, mesmo identificados, que contenham palavrões, calunias, digitações ofensivas e pejorativas, com falsidade ideológica e os que agridam a privacidade familiar.

Comentários anônimos:
Embora haja a aceitação de digitação do comentário anônimo, isso não significa que será publicado.
O administrador do blog prioriza os comentários identificados.
Os comentários anônimos passarão por criteriosa analise e, poderão ou não serem publicados.

Comentários suspeitos e/ou "spam" serão excluídos automaticamente.

Obrigado!
" Aqui eu Aprendi! "

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...