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sexta-feira, 18 de maio de 2018

Ética Cristã e Sexualidade

“Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” Hb 13.4

Ética Cristã e Sexualidade

Nesta lição, o objetivo é estudarmos o conceito da sexualidade, o propósito do sexo de acordo com as Sagradas Escrituras e o casamento como o parâmetro legítimo para o sexo. Aqui, é importante dar o devido respeito e decoro ao tema.

O conceito
Caro professor, prezada professora, em primeiro lugar é importante diferençar e explicar o sexo de sexualidade. Esses dois conceitos são importantes, pois é aqui que os formadores de opinião secular tentam deformar a mente, principalmente dos adolescentes e dos jovens, a partir da desconstrução do gênero. Ora, se o sexo é a conformação física, orgânica e celular que permite distinguir o sistema reprodutor masculino do feminino, a sexualidade já parte de uma perspectiva psicológica em que destaca o comportamento humano com relação às manifestações da libido. Aqui, a ideologia de gênero distorce a realidade. Como acontece com a sexualidade, para essa ideologia, o gênero é construído superficialmente por meio do contexto sócio-cultural, por isso, ele é relativizado. Entretanto, é notório que, na maioria dos casos, os gêneros acompanham naturalmente os determinantes biológicos constatados por meio dos sexos (que distingue o aparelho reprodutor masculino do feminino), assim como a sexualidade. Ou alguém (em “sã consciência”) ousaria discordar que o aparelho reprodutor, a anatomia, a psicologia, e muitas outras características humanas são diametralmente opostas entre si e que se distinguem claramente o masculino do feminino?! Portanto, pesquise sobre o assunto a fim de honrar às Escrituras e trazer um ensinamento saudável aos seus alunos.

O propósito do sexo
Pense agora na anatomia do corpo do homem e na da mulher. É uma obviedade esta constatação: o corpo do homem só se encaixa sexualmente com perfeição no corpo da mulher; o corpo da mulher só se encaixa perfeita e sexualmente no corpo do homem; o corpo do homem encaixado sexualmente ao corpo de outro homem é uma relação desajustada e imperfeita; o corpo de uma mulher encaixado sexualmente no corpo de outra mulher é uma relação imperfeita e desajustada. A teologia da criação presente no livro do Gênesis é uma “obviedade escandalosa” que a mentalidade moderna não suporta. É nesse encaixe óbvio que o homem e a mulher ser realizam completamente. Expandem a família, se satisfazem prazerosamente e realizam-se como homem e mulher. Eis o propósito óbvio e bíblico do sexo. (Revista Ensinador Cristão nº73)

A sexualidade é uma dádiva divina que deve ser usufruída dentro dos parâmetros instituídos pelo Criador.

Texto Bíblico - 1 Coríntios 7.1-16

Prezado(a) professor(a), o tema que vamos estudar na lição deste domingo, a sexualidade, ainda é um assunto cercado de tabus e mitos em nossas igrejas. Por isso, alguns crentes não querem nem ouvir essa palavra e muito menos discutir a questão na Escola Dominical. Mas não podemos nos esquecer que este é um assunto bíblico e muito pertinente em nossos dias, pois estamos vendo a proliferação de várias ideologias malignas a respeito da sexualidade. Também não podemos nos esquecer de que tudo que Deus criou é bom e isto inclui o sexo. É importante que você, no decorrer da lição, ressalte que o sexo nunca foi, em si mesmo, pecaminoso. Deus o estabeleceu para ser desfrutado no casamento antes que o pecado entrasse no mundo (Gn 2.21-25). Aquele que criou o universo, também criou nosso corpo e nossos órgãos sexuais. A vida sexual saudável dentro do casamento tem a bênção de Deus, além de dar alegria e prazer ao ser humano.



A sexualidade tem sido fortemente desvirtuada na sociedade pós-moderna. De outro lado, alguns cristãos insistem em tratar o assunto como tabu. Embora o tema possa trazer desconforto para alguns, a sexualidade humana não pode ser subestimada. De acordo com Sigmund Freud (1856-1939), reconhecido como o pai da psicanálise, “o homem tem necessidades sexuais e, para explicá-las, a biologia lança mão do chamado instinto sexual da mesma maneira que, para explicar a fome, utiliza-se do instinto da nutrição. A esta necessidade sexual dá-se o nome de libido” (FREUD, 1970, vol. XVI p. 336, 482). Freud atribuiu à libido uma natureza exclusivamente sexual e considerou a fase oral como a primeira na organização da libido da criança. As teorias de Freud contrastaram com o extremo moralismo da interpretação católica e produziram o extremo da licenciosidade, antinomianismo — desprezo à Lei de Deus — e a irresponsabilidade sexual (HENRY, 2007, p. 551). Atualmente, a sexualidade da criança vem sendo estimulada e incentivada de modo precoce, e isso em detrimento do desenvolvimento natural e saudável, gerando transtornos comportamentais.

Ressalta-se que, em virtude do avanço da tecnologia da informação e consequente globalização, nossas crianças têm acesso indiscriminado a todo tipo de conhecimento. E, por estarem em fase de desenvolvimento, tornaram-se alvo de quem as quer perverter. Por meio da inversão dos valores, ideologia de gênero e a erotização da infância, pretendem desconstruir a família tradicional e promover a luxúria, promiscuidade e a imoralidade. Portanto, pela sua abrangência e importância, faz-se necessário refletir sobre a sexualidade, seus conceitos, propósitos e limites éticos estabelecidos nas Escrituras Sagradas.

I. SEXUALIDADE: CONCEITOS E PERSPECTIVAS BÍBLICAS

A sexualidade é uma das dimensões do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. A questão sexual estava presente no ato da criação quando Deus nos fez “macho e fêmea” (Gn 1.27). Doravante, após a queda, tornou-se um intrigante tema de pesquisa das ciências naturais (biologia, anatomia, etc.) e das ciências humanas (literatura, psicologia, etc.). O campo de abrangência perpassa pela identificação sexual, orientação/preferência sexual, erotismo, satisfação e prazer, imoralidade, prostituição e pornografia, dentre outros. Por meio da revolução sexual das últimas décadas, que relativizou e desvirtuou a liberdade sexual, surgiram novas questões nas áreas da ética, da moral e da religiosidade. Por conseguinte, os conceitos na perspectiva bíblica precisam ser restaurados.

1. Conceito de Sexo e Sexualidade

A biologia define “sexo” como um conjunto de características orgânicas que diferenciam o macho da fêmea. O sexo de um organismo é definido pelos gametas que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a reprodução dos seres vivos. O sexo masculino produz gametas conhecidos como espermatozoides e o sexo feminino produz gametas chamados de óvulos. A expressão “sexo” ainda pode ser usada como referência aos órgãos sexuais ou à prática de atividades sexuais. Já o termo “sexualidade” representa o conjunto de comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer, seja da procriação da espécie.

A deturpação da sexualidade

Dentro dos conceitos modernos da sexualidade, o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) discorreu na obra História da Sexualidade que a postura cristã é repressiva e envolve “proibições, recusas, censuras e negações discursivas” que são impostas à sociedade (FOUCAULT, 1988, p. 16). Confabula o filósofo que, ao mesmo tempo em que o radicalismo cristão levava as pessoas a detestar o corpo, também tornou o sexo cobiçado e mais desejável; por conseguinte, a austeridade cristã deve ser combatida em busca de “liberação” sexual (FOUCAULT, 1988, p. 149).
Foucault afirma que essa liberação surgiu quando Freud dissociou a sexualidade do sexo que era baseado na anatomia e suas funções de reprodução restringida aos aspectos biológicos (FOUCAULT, 1988, p. 141). Assim, Foucault considera a sexualidade como uma produção discursiva, e, portanto, um construto sócio-histórico de uma sociedade. Por isso, o apelo e o discurso ofensivo na construção da ideologia de gênero, identidade sexual, iniciação sexual precoce, homoafetividade e a nova moda de se falar em sexualidade no plural, como existindo “sexualidades”. A partir daí, o conceito foi deturpado e, em busca de “liberação”, ensina-se que a sexualidade depende da cultura inserida em determinado grupo social. Desse modo, toda e qualquer escolha ou opção sexual passa a ser válida, tais como, homossexualismo, zoofilia, pedofilia, necrofilia e incesto.

2. O Sexo Foi Criado por Deus

O homem e a mulher possuem imagem e semelhança divina. Porém, no ato da criação, Deus os fez sexualmente diferentes: “macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). Portanto, o sexo faz parte da constituição anatômica e fisiológica dos seres humanos. Homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos sexuais distintos que os diferenciam sexualmente. Sendo criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente. As Escrituras ensinam que, ao término da criação, “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como sendo algo pecaminoso, sujo ou proibido. Tudo o que Deus fez é bom. O pecado não está no sexo, mas na perversão de seu propósito.

A reprodução sexuada e dioica

Ao criar o ser humano, Deus os dotou de órgãos específicos e especialmente destinados à reprodução da espécie, chamados órgãos sexuais ou genitais. A esse processo de perpetuação da espécie humana dá-se o nome de “reprodução sexuada”. A reprodução sexuada dos seres humanos é classificada, quanto ao sexo, de “dioica”, ou seja, requer a participação de dois seres da mesma espécie, sendo obrigatório que um deles seja “macho” e outro seja “fêmea”. E isso pelo fato inequívoco de que homem e mulher foram criados com órgãos sexuais apropriados à reprodução. Trata-se de um processo em que há a troca de gametas (masculinos e femininos) para a geração de um ou mais indivíduos da mesma espécie. Percebe-se, então, que Deus não criou meio termo; definitivamente, o ser humano é formado de macho e fêmea. Deus não formou o homem com possibilidades sexuais de desempenhar o papel da mulher no ato sexual, e nem vice-versa. O nosso Jesus Cristo, ao discorrer sobre esse tema, associou a anatomia dos sexos com o propósito divino da sexualidade e da reprodução. O Mestre fundiu o texto da criação e da procriação (Gn 1.27,28) ao texto do relacionamento conjugal (Gn 2.24) indicando que os textos bíblicos se complementam, isto é, a reprodução humana é sexuada e dioica:

Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. (Mc 10.68)

3. A Sexualidade É Criação Divina

Ao criar o homem e a mulher, Deus também criou a sexualidade: “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra [...]” (Gn 1.28). O relacionamento sexual foi uma dádiva divina concedida ao primeiro casal e também às gerações futuras (Gn 2.24). Sempre fez parte da criação original de Deus o homem unir-se sexualmente em uma só carne com sua mulher. O livro poético de Cantares exalta a sexualidade e o amor entre o marido e sua esposa (Ct 4.10-12). Portanto, não é correto “demonizar” o desejo e a satisfação sexual. Assim como o sexo, a sexualidade também não é má e nem pecaminosa. O pecado está na depravação sexual que contraria os princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas.

A sexualidade no livro de Cantares

No judaísmo, a interpretação alegórica de Cantares faz alusão ao amor entre Deus e Israel, e na tradição cristã aparece como uma metáfora do amor existente entre Cristo e sua Igreja. Porém, quanto ao seu gênero literário, Cantares de Salomão é reconhecido pelos intérpretes como sendo um poema de amor. A linguagem é franca, mas também é pura. O livro louva o relacionamento conjugal regido pelo mútuo amor entre marido e mulher. Cantares exalta a sexualidade e não despreza o prazer sexual no âmbito do matrimônio. O livro narra a celebração do amor na noite de núpcias (Ct 4.116) e na vida matrimonial do casal eternamente enamorado (Ct 5.2-6). Nota-se que o livro desmistifica a sexualidade e condena a licenciosidade, enaltece a paixão e desqualifica a promiscuidade, exalta o amor e despreza a lascívia. Assim, Cantares apresenta a sexualidade humana sem depravação e sem malícia. A mensagem denota o ideal divino para a sexualidade: bela, santa e pura.

II. O PROPÓSITO DO SEXO SEGUNDO AS ESCRITURAS

O sexo como criação divina possui finalidades específicas. Holmes afirma que a “história da ética cristã é bastante clara nesse particular. A psicologia do sexo indica o seu potencial de união, e sua biologia indica um potencial reprodutivo” (HOLMES, 2013, p. 130). Portanto, o relacionamento sexual conforme idealizado pelo Criador prevê uma realização completa entre macho e fêmea na busca do prazer conjugal e na procriação da espécie.

1. Multiplicação da Espécie Humana

A finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação. Deus abençoou o primeiro casal e lhes disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28). Tal como o Criador ordenara a procriação dos animais (Gn 1.22), também ordenou a reprodução do gênero humano. Nesse ato, Deus concedeu ao homem poderes para se multiplicar assegurando-lhe a dádiva da fertilidade. Depois da queda no Éden (Gn 3.11,23) e a consequente corrupção (Gn 6.12,13), Deus enviou o dilúvio como juízo para eliminar o gênero humano (Gn 6.17), exceto Noé e sua família (Gn 7.1). Passado o dilúvio, Noé recebeu a mesma ordem recebida por Adão: “E abençoou Deus a Noé e a seus filhos e disse-lhes: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1). A terra despovoada deveria ser repovoada para dar continuidade aos desígnios divinos (Gn 3.15; Rm 16.20).

A bênção da fertilidade

Como já visto, a ordem divina para a procriação da espécie humana é precedida pela bênção da fertilidade (Gn 1.28). A partir dessa dádiva e ordenança divina, as narrativas bíblicas registram a busca pela maternidade e paternidade como anseio geral tanto de mulheres quanto de homens. A fertilidade passa a ser indispensável para o cumprimento do preceito divino. Desse modo, os registros das Escrituras quanto à sexualidade estão intrinsecamente relacionados com a reprodução e procriação da vida humana. Após a queda do homem no Jardim do Éden, Deus avisa que, por causa da desobediência, a bênção da fertilidade trará também sofrimento: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos” (Gn 3.16). Apesar desse novo ingrediente, mulheres e homens, por meio da união heterossexual e do casamento monogâmico, anseiam cumprir a multiplicação da espécie e prover descendência para a família.

2. Satisfação e Prazer Conjugal

Por muito tempo, o catolicismo ensinou que a procriação era o único propósito da relação sexual. O Concílio de Trento (1545-1563) disciplinou a prática sexual com fins exclusivos de reprodução e proibiu o sexo aos domingos, nos dias santos e no jejum quaresmal. Não obstante, a Bíblia também se refere ao sexo como algo prazeroso e satisfatório entre um marido e sua esposa: “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade [...]” (Pv 5.18,19), e ainda “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida [...]” (Ec 9.9). Assim, na união conjugal, o homem e sua mulher devem buscar satisfação sexual (1 Co 7.5).

O prazer e o deleite sexual não devem servir para a satisfação promíscua e egoísta de um dos cônjuges. A satisfação conjugal deve ser precedida do sentimento mútuo de amor entre macho e fêmea (1 Co 7.3-5). Apesar das afirmações equivocadas da atualidade que associam amor, sexualidade e casamento como sendo uma invenção da era burguesa do século XVI, a Bíblia Sagrada ensina desde os primórdios o mútuo cuidado, carinho e o respeito entre um homem e uma mulher casados (Ef 5.21-28). Desse modo, a completa satisfação sexual envolve emoções, sentimentos, carícias e prazer para ambos os cônjuges. De acordo com as Escrituras, o romance e o dom da sexualidade devem ser usados para o prazer mútuo dentro do contexto do casamento monogâmico e heterossexual.

3. O Correto Uso do Corpo

No ato sexual ocorre a fusão de corpos (Mt 19.6). O sexo estabelece um vínculo tão forte entre os corpos que os torna uma só pessoa. Como os nossos corpos são membros de Cristo (1 Co 6.15) e templo do Espírito Santo (1 Co 3.16), as Escrituras proíbem o uso do corpo para práticas sexuais ilícitas (1 Co 6.16). São condenadas, dentre outras, as relações incestuosas (Lv 18.618), o coito com animal (Lv 18.23), o adultério (Êx 20.14) e a homossexualidade (Rm 1.26,27). O corpo não pode servir à promiscuidade (1 Co 6.13). Assim, o nosso corpo deve servir para glorificar, e não para afrontar a Deus (1 Co 6.20).

Templo do Espírito Santo

Escrevendo à Igreja em Corinto, Paulo menciona vários tipos de pessoas que pecam contra o corpo e são sexualmente imorais, tais como, “os devassos”, “os adúlteros”, “os efeminados” e “os sodomitas”, os quais, afirma o apóstolo, não herdarão o reino de Deus (1 Co 6.10). Em seguida, o texto paulino questiona a igreja acerca do uso indevido do corpo: “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo?” (1 Co 6.15). Por conseguinte, Paulo ensina que o corpo não pertence ao crente, e sim a Deus; por isso, o corpo não pode ser objeto da imoralidade sexual (1 Co 6.18). O ensino assevera que a imoralidade sexual é pecado que afronta ao próprio corpo, que é templo do Espírito Santo (1 Co 6.19). Por essa razão, o crente não deve contaminar o corpo, pois é santuário de Deus. Por fim, exorta-nos o texto bíblico: “[...] glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6.20). Conclui a Escritura que o nosso corpo foi comprado por bom preço, e, por essa razão, pertence ao Senhor que nele habita e requer do crente salvo que mantenha o templo do Espírito Santo em pureza sexual.

III. O CASAMENTO COMO LIMITE ÉTICO PARA O SEXO

No casamento, os impulsos sexuais podem ser satisfeitos sem que se incorra em atos pecaminosos. No entanto, o casamento não é autorização para a prática de atos pervertidos, devassidão ou escravidão sexual de um cônjuge sobre o outro. Ainda que o casamento seja um inibidor de práticas moralmente ilícitas, percebe-se na cultura pós-moderna o enfraquecimento de sua eficácia no combate à imoralidade. A antiga lei moral exigia a abstinência extraconjugal por temor de uma gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis ou medo de ser descoberto e ter a reputação manchada. Atualmente, esses antigos fatores de inibição das relações extraconjugais sofreram mutações: “a pílula reduziu grandemente o primeiro temor, as drogas modernas o segundo e as mudanças sociais o terceiro” (HOLMES, 2013, p. 128). Contudo, para o cristão, o propósito divino para o casamento não pode ser alterado e seus princípios devem ser observados por todos e em todos os lugares.

1. Prevenção contra a Fornicação

A fornicação está relacionada ao contato sexual entre pessoas solteiras. Para prevenir esse pecado, o apóstolo Paulo orienta os cristãos a se casarem (1 Co 7.2, ACF). Os ensinos de Paulo ratificam o propósito divino do casamento: “uma mulher para cada homem” (Gn 2.24). Esse princípio também foi defendido por Jesus: “deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher” (Mt 19.5). Desse modo, a legitimidade cristã para a satisfação dos apetites sexuais entre um homem e uma mulher restringe-se ao casamento monogâmico (1 Co 7.9). Toda prática sexual realizada fora desses moldes constitui-se em sexo ilícito.

O sexo pré-matrimonial

Nos textos vetero-testamentários, a fornicação ou o sexo pré-matrimonial eram punidos severamente. Se um marido descobrisse após o casamento que sua esposa não era virgem, o caso seria levado aos anciãos da cidade, que conduziriam a mulher até a porta da casa de seu pai e os homens a apedrejariam até a morte (Dt 22.20,21). Na lei mosaica, também estavam previstas outras punições para os casos de sexo pré-matrimonial (Êx 22.16,17; Dt 22.23,24). Se a moça fosse violentada e não pudesse fazer nada para evitar o ato sexual ilícito, ela seria inocentada e o seu agressor seria apedrejado (Dt 22.25-27). O Novo Testamento mantém a fornicação e o sexo pré-matrimonial como pecado (1 Ts 4.3). No entanto, a pena de morte física não é aplicada; a punição é na esfera espiritual que implica morte eterna (Tg 1.15).

O problema da incontinência sexual

Ao tratar das questões de imoralidade sexual e o comportamento cristão no casamento, o apóstolo Paulo fazia frente a dois movimentos presentes na igreja de Corinto. O primeiro era formado pelos libertinos ou antinomianos e o segundo era partidário do asceticismo. Os libertinos ensinavam que não existe problema algum com o uso do corpo, isto é, o que alguém faz com o corpo é moralmente indiferente. Os adeptos do ascetismo de modo geral consideravam que o corpo é inerentemente mau e que cada um deve afligir e castigar seu próprio corpo negando-lhe qualquer prazer físico.

Logo depois de escrever condenando a fornicação, Paulo também ensina à igreja que, após casados, o marido e a mulher não podem negar o prazer sexual ao seu cônjuge, pois ambos têm o dever mútuo de satisfazerem-se e manterem a fidelidade matrimonial (1 Co 7.3). Por essa razão, as Escrituras explicam que o corpo do homem está sob o domínio da sua esposa e o que o corpo da mulher está sob o domínio do marido (1 Co 7.4). Isso significa que o corpo do marido só pode buscar prazer e satisfação sexual no corpo de sua esposa, e vice-versa. Desse modo, ratifica-se a união monogâmica e heterossexual e reafirma-se a condenação das demais práticas como imoralidade sexual.

Em seguida, o texto bíblico alerta que a privação ou abstinência sexual dentro do casamento pode ser usada pelo Adversário como meio de tentação para as práticas sexuais ilícitas (1 Co 7.5). Por isso, o texto orienta os casais a não privarem um ao outro do ato sexual, exceto de comum acordo e temporariamente para algum propósito espiritual. O casal não deve ser ingênuo a ponto de imaginar que não serão tentados ou traídos por seus impulsos sexuais. Deus instituiu o casamento tanto para a procriação quanto para evitar o pecado da imoralidade por meio do prazer mútuo entre marido e mulher.

2. O Casamento e o Leito sem Mácula

As Escrituras ensinam que o casamento é digno de honra (Hb 13.4) e que a união conjugal deve ser respeitada por todos (Mt 19.6). O leito conjugal não pode ser maculado por ninguém. Quem o desonrar não escapará do juízo divino (Hb 13.4b). Aqui a desonra refere-se ao uso do corpo para práticas sexuais ilícitas com ênfase nos casos de relações extraconjugais (1 Co 6.10). Inclui também as relações conjugais resultante de divórcios e de segundo casamentos antibíblicos (Mt 19.9). Embora, muitas vezes, os imorais escapem da reprovação humana, não poderão fugir da ira divina (Na 1.3). A práxis da sociedade e a condescendência de muitas igrejas não invalida a Palavra de Deus.

O modelo bíblico de casamento

Pallister define o casamento como “ato público em que a pessoa deixa a primeira família em que cresceu para se unir, pelo resto de sua vida, com uma pessoa do sexo oposto com a finalidade de constituir uma nova família” (PALLISTER, 2005, p. 168). Esta conceituação constitui um ato de obediência ao ensino bíblico: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24, NVI). Nos registros bíblicos, é possível identificar que, ao menos em alguns casamentos, a união conjugal era precedida pelo sentimento de amor. Jacó amava tanto a Raquel que nem viu o tempo passar enquanto trabalhou durante sete anos para pagar o dote dela (Gn 29.18,20). Mical amava tanto a Davi que o ajudou a fugir, livrando-o da morte certa, e não temeu a ira de seu pai Saul (1 Sm 18.20,28; 19.11-17). Dessa maneira, o modelo bíblico não se restringe à procriação, mas também inclui o romantismo e o ato sexual como fonte de satisfação e prazer.

O catolicismo classificou o casamento como sacramento — rito sagrado instituído para dar, confirmar ou aumentar a graça. Os teólogos da Reforma Protestante entenderam que o casamento não é um sacramento, e sim uma aliança, isto é, o casamento não é apenas um ato formal, mas “uma aliança, assumida diante de Deus, de natureza permanente e fonte de conforto e alegria ao longo de toda a vida” (PALLISTER, 2005, p. 174). Em consequência, o amor é um princípio moral do casamento. Porém, o amor não é o único; a justiça é igualmente princípio relevante para a união matrimonial. A justiça requer igualdade para todos e se manifesta contra o abuso sexual de qualquer parte. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus, ao tratar dos propósitos do matrimônio, descreve o seguinte:

O casamento tem por propósitos: a instituição da família matrimonial; compensação mútua do casal; a procriação; o auxílio mútuo e continência e satisfação sexual. Entendemos que o homem é unido sexualmente à sua esposa, como resultado do amor conjugal, não só para procriar, mas também para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa. (SOARES, 2017, p. 204)

Diante destas assertivas, deve-se reconhecer que o casamento monogâmico entre um homem e uma mulher é o modelo bíblico para escapar da impureza sexual. Também é possível perceber que Deus, ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, os fez macho e fêmea (Gn 1.27) demonstrando a sua conformação heterossexual. E, ainda, que a diferenciação dos sexos visa à complementaridade mútua na união conjugal.

Leito sem mácula

A expressão “leito sem mácula” é um eufemismo usado para suavizar os aspectos que envolvem a intimidade, o erotismo, os desejos e as relações sexuais entre o marido e a esposa no contexto da união matrimonial. O leito conjugal não pode ser manchado pela imoralidade sexual. Aqui estão incluídos como transgressão os pecados sexuais cometidos dentro ou fora do casamento. O sexo e a sexualidade são atos da criação divina, e não podem ser tratados como algo pecaminoso e nem como mero elemento de procriação ou fonte de prazer. Cabe ao cristão cumprir o propósito estabelecido por Deus para a sexualidade (Gn 2.24). Aqueles que contaminam o casamento ao ultrapassar os limites divinamente instituídos para o ato sexual devem estar certos de que enfrentarão um severo juízo (Hb 13.4).


O sexo e a sexualidade são atos da criação divina e não podem ser tratados como algo pecaminoso e nem como mero elemento de procriação ou fonte de prazer. Cabe ao cristão cumprir o propósito estabelecido por Deus para a sexualidade (Gn 2.24). O desvirtuamento desse padrão implicará punição aos que praticam a imoralidade (Hb 13.4). Portanto, vivamos para a glória de Deus!


SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Por que Deus criou o sexo?

A Bíblia nos dá três razões específicas para o sexo:

1. Procriação
Provavelmente você já conhece a primeira razão por que Deus criou o sexo. Chama-se procriação. Em Gênesis 1.28, Deus revelou a Adão e Eva seu propósito para o sexo quando disse: ‘Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a’. Deus nos deu uma capacidade de criar vida semelhante a dEle por meio do ato sexual. O início desse versículo nos conta que Deus pretendia que os resultados do sexo fossem uma bênção.

2. Unidade
Como seres humanos, somos dotados de um profundo desejo por intimidade. Ansiamos por nos unir a outros seres humanos e a Deus. O Senhor nos criou com esse desejo. Parte do seu projeto para o sexo inclui satisfazer essa necessidade de relacionar-se de modo pessoal. Está provado cientificamente que o sexo cria um laço entre duas pessoas, mas os níveis mais profundos de união e intimidade só podem ser atingidos com a busca pelo plano de Deus para o sexo. Gênesis 2.24 diz: ‘Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-à à sua mulher, e serão ambos uma carne’. Essa passagem fala sobre o vínculo entre marido e mulher fortalecendo-se a ponto de eles se tornarem uma só carne. O escritor de Génesis sabia intuitivamente o que a ciência confirmou há pouco tempo. Pesquisadores descobriram um hormônio chamado ‘ocitocina’, ou ‘hormônio do amor’. A ocitocina é uma substância química que nosso cérebro libera durante o sexo e a atividade que precede o ato. Quando essa substancia é liberada, produz sentimentos de empatia, confiança e profunda afeição. Cada vez que você faz sexo, seu corpo sofre uma reação química que lhe diz para ‘apegar-se’. Deus criou os meios para satisfazer nosso desejo por intimidade em um nível biológico.

3. Recreação
Uma das razões por que Deus criou o sexo foi para o nosso prazer. Vemos isso claramente em Provérbios 5.18,19: ‘Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, como a cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente’. Essa passagem fala de um marido sendo satisfeito pelo corpo de sua esposa. O texto original pode ser lido como: ‘Que você fique inebriado pelo sexo com ela’. Deus planejou o sexo para ser divertido e prazeroso. Está claro que Deus criou o sexo para o nosso benefício e para sua glória. Quando se desfruta o sexo de acordo com o plano divino, o resultado é maravilhoso. Quando saímos dos limites estabelecidos por Deus para nossa vida sexual, o prazer diminui, a intimidade é rebaixada, e as bênçãos que Deus planejou como resultados de nossos encontros sexuais podem se deteriorar” (MCDOWELL, Josh; DAVIS, Erin. Verdade Nua & Crua: Amor, sexo e relacionamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, pp.20-23).

Fonte:
Livro de Apoio – Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Douglas Baptista
Lições Bíblicas 2º Trim.2018 - Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Comentarista: Douglas Baptista

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